A esperança no Gigante da resistência e das viradas

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Em 21 de agosto de 1898 não se havia ideia do Gigante do desporto brasileiro no qual estava nascendo e que significaria, mais tarde, o clube símbolo de lutas contra as desigualdades e injustiças raciais e sociais, ávido pelo rompimento de paradigmas do esporte e outras mais viradas em momentos no qual precisou se mostrar forte  e poderoso. Subserviência e submissão NUNCA foram de seu dicionário, e sim, declaração de “guerra” aos que lhe viam dessa forma. Desde sua resposta em forma de carta histórica emitida contra a segregação em tempos no qual as oligarquias dominavam ao futebol (e que, aos poucos, voltam a dominar no presente) até a construção de um estádio próprio como prova de uma paixão movida por quem o amava incondicionalmente. V de valentia. V de vitória.  V de vontade. V DE VASCO!

 

Não é a toa que esse Gigante se perpetuou, está ainda de pé, mesmo ao meio de fortes “tempestades” e por outras tantas tormentas no qual já passou e as enfrentou com o que há de melhor em suas raízes. Mesmo contra tudo e contra todos, não há quem se atreva a duvidar de um clube que se supera, que mesmo ao meio da apatia e da desunião de boa parte de sua própria torcida no presente consegue, ainda, nos dar esperanças por um futuro melhor e de ainda calar, mais uma vez, aos que o odeiam com todas suas forças. Pois se não há mal que sempre dure e nem bem que nunca se acabe, então com luta, consciência e inteligência o Vasco há de retornar ao protagonismo, lugar que jamais deveria ter saído no esporte brasileiro.

 

E não somente no futebol, esporte mais popular do mundo. Alguém se atreve a esquecer das vastas conquistas no Remo, no Basquete, no Futsal e até mesmo nos Futebol de Areia e Americano? E o que dizer, então, dos diversos artilheiros, ídolos e craques cedidos às seleções brasileiras, desde a base até a seleção principal? Como esquecer Edmundo, Bebeto, Romário, Roberto Dinamite (jogador), Sorato, Bismark, Ernani, Juinho Pernambucano, Valdir Bigode e tantos outros mais não citados? Quem pode se atrever a duvidar que uma potência dessas em um passado nem tão distante um dia não poderá se reerguer, mesmo que para tanto se custem doses de sangue, suor e lágrimas, em um verdadeiro resgate demandado pelo coração de quem o lhe quer bem de verdade?

 

Em presente texto no dia em que nosso amado clube é parabenizado por mais um ano de vida em sua história mais do que centenária e vitoriosa, convido-lhes para uma reflexão sobre fatos marcantes na trajetória de nosso clube, bem como nosso atual momento no esporte e a renovação das esperanças por um clube muito mais poderoso e respeitado no futuro.

 

Jogo e ano inesquecíveis
Em 20 de dezembro de 2000, a última conquista internacional chegou com requinte de sofrimentos e de extrema felicidade.  A chamada “virada do século” perante o Palmeiras naquele ano simbolizou as raízes de um clube acostumado com as superações nos momentos mais difíceis. E foi uma virada muito mais do que somente dentro de campo: fora dele, uma semana conturbada marcada até mesmo pela demissão do ex-técnico Oswaldo de Oliveira e a mudança radical de todo um ambiente que parecia tender para mais dois fracassos somando-se com os três outros vice-campeonatos conquistados ao longo daquele ano. Ano esse, aliás, que mostrou o quanto aquele clube era acostumado com as decisões, pois com exceção da Copa do Brasil foi à fase final de todas que disputou, coroando aquele elenco fantástico com as conquistas da Mercosul e do Brasileirão. Ambos títulos podem ser conferidos nos vídeos abaixo.

 

 

 

Título mais significativo
Daqui a cinco dias, completam-se quinze anos da conquista da Copa Libertadores da América, título esse que, além de inédito com esse nome para o clube, coroou uma geração que unia “pratas-da-casa” amadurecidos como Carlos Germano e recém-despontados para o futebol como Felipe e Pedrinho com jogadores mais experientes, como Mauro Galvão, Luisinho, Donizete e Luisão. Contou, ainda, com a confirmação derradeira de Juninho como um talento e não mais como um “contrapeso” que adentrou ao clube sem a mesma expectativa de brilho com que o atacante Leonardo, de seu mesmo ex-clube, alimentou para todos três anos antes. Nas surpresas que a vida nos revela, coube ao próprio no presente apelidado de “Reizinho” a missão de anotar, com certeza, um dos gols mais significativos da história de nosso clube, cujo mesmo pode ser conferido no vídeo abaixo.

 

Além disso, outros jogadores no ostracismo e desacreditados emergiram perante aquele cenário de conquistas que se propagou até a virada do século. Odvan e Nasa, por exemplo, jogadores sob olhares desconfiados e que se tornaram, para o time, importantes no papel de coadjuvantes de um time que unia o futebol técnico com suas bravuras. Àquela verdadeira Selevasco vale, também, o justo reconhecimento a um técnico que soube controlar e ter o time em suas mãos; e à uma diretoria que soube dar respaldo e garantir fora de campo que “forças ocultas” não intervissem nas conquistas.

 

Time de todos os tempos
Para essa escalação visando não cometer injustiças com jogadores brilhantes em outras épocas e que não vi jogar tais como Ademir Menezes e Barbosa, por exemplo, irei considerar somente àqueles que presenciei vestindo nossa camisa. Considerando 1988 para cá onde já acompanhava com afinco aos jogos do Vasco, escalaria nesse time Acácio; Luís Carlos Wink, Donato, Mauro Galvão e Felipe; Leandro Ávila, Geovani e Juninho Pernambucano; Edmundo, Roberto e Romário. Faço menção honrosa, no entanto, a Carlos Germano, Alexandre Torres, Bebeto e Sorato. Por questão de justiça e reconhecendo-o como o técnico mais vitorioso de nossa história, não poderia deixar de exaltar Antônio Lopes como técnico desse esquadrão.

 

A dura realidade e os “presentes de aniversário”
Hoje, no entanto, passamos longe de vivenciar uma era tal conforme víramos um dia. Nos acostumamos a cada dia, infelizmente, ao papel coadjuvante em grande parte dos campeonatos em que disputamos. Nos acostumamos ao papel de “coitado”, ao contrário do papel de odiado por nossos títulos e por nossa força dentro e fora de campo tal como outrora. Nos acostumamos a ter como troféus uma participação somente digna, as “quase” vagas para a Libertadores, ou pior ainda, a fuga do rebaixamento. Se antes comemorávamos aniversários com títulos e contratação de ídolos, e depois com o anúncio de contratos aparentemente rentáveis ou patrimônios adquiridos, hoje nossa realidade é a esperança de como “presente” ter um acordo com a Fazenda Nacional e a obtenção das “benditas” certidões positivas de débito com efeito de negativas. Isso depois de muitas promessas, muitos prazos restabelecidos e muita expectativa no Vasco da desinformação e desordem administrativa.

 

Portanto, nesse centésimo décimo quinto aniversário de vida, o maior dos presentes que o Vasco poderia me dar, particularmente, dentro de suas possibilidades momentâneas seria somente maior respeito e seriedade a nós, torcedores, que nos acostumamos a comemorar com pouco, mas ambos presentes agregados a um pouco mais de competência e força de trabalho poderiam significar muito: inclusive, a renovação das esperanças por mais uma virada histórica em um futuro bem próximo.

 

Sobre futebol
E segue Dorival Júnior com seus equívocos cometidos na escalação do time de futebol nas últimas partidas. Em que pese seu longo período de inatividade, ainda assim não tem como manter Montoya na reserva (mesmo contra o fraco Nacional de Manaus pela Copa do Brasil) para o limitadíssimo Pedro Ken. Muito mais pela esperança de que o colombiano possa render algo, haja vista a expectativa que gerou-se em torno de seu suposto talento após sua contratação. Na derrota perante o Grêmio no último sábado, a escalação de Cris no lugar de Jomar em que pese sua inesperada doença (?) de última hora e preterindo ao já entrosado Renato Silva não poderia passar impune, e o limitadíssimo zagueiro recém-contratado, logo em seu primeiro lance, mostrou ao que veio. Sua contratação, aliás, para mim é tão absurda quanto a de Michel Alves no início desse ano.

 

Dorival peca muito por sua teimosia. Já não bastasse ter deixado de fora Fagner preterindo-o a Nei e a ter sido covarde ao não aproveitar seu maior volume de jogo diante do Santos na última quarta-feira, adota critérios diferenciados para a escalação de seu time, tomando como base os diferentes raciocínios para lançar os mesmo Fagner e Montoya em comparação à rapidez com que lançou Cris ao time. Além disso, suas escalações têm sido defensivistas, mesmo considerando o pouco material humano que possui, porém, que poderia estar bem melhor escalado, tendo como exemplo o meio-campo pouco criativo lançado nessa última terça-feira na estreia da Copa do Brasil, com três cabeças-de-área e Pedro Ken como único “criador de jogadas”.

 

Aliando sua teimosia com o plantel de qualidade limitada, não dá para se ter maiores esperanças por uma vaga na Libertadores 2014 via Campeonato Brasileiro, tampouco título no mesmo certame. Dorival deve rever, com urgência, seus conceitos se a sua intenção é conduzir nossa nau para postos bem mais altos do que as colocações intermediárias na tabela.

 

“Toques finais”
1º) No próximo sábado às 21 horas, vai ao ar nossa quinta edição do programa Papo Vascaíno. Faça como nossos convidados ouvintes do programa Só dá Vasco e leitores do SuperVasco Andrew Nadolny, Hely Jr. e Felipe Ferreira, que enviaram um e-mail para programasodavasco@gmail.com ou superpapovascaino@gmail.com e venham participar junto conosco nos próximos programas! Nosso canal de vídeos é www.youtube.com/user/ProgramaSoDaVasco .

 

2º) Registro nesse espaço minha solidariedade com o companheiro Hélder Floret por seu problema pessoal enfrentado na última semana, desejando-lhe muita força e muita paz para saber contornar um momento muito difícil como esse.

 

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