A radiografia dos fracassos

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Dos últimos doze pontos disputados, o time do Vasco obteve somente a
pífia pontuação de dois pontos, sendo que somente um ponto em dois
jogos com seu mando de campo. Sofreu dez gols, sendo que em todos os
jogos a defesa foi superada por pelo menos um gol do ataque
adversário. Não por coincidência, essa sequência de resultados
insatisfatórios coincide com a entrada do ultrapassado e limitado
zagueiro Cris no time. Contudo, atribuir-lhe somente a culpa pelos
fracassos é ato simplista demais, tal como se o time já não
vivenciasse problemas antes de sua chegada. Portanto, a pouca
produção nesse time pode ser explicada não somente pela entrada do
referido zagueiro, porém, por outras razões que vem a se somar com
esse fator.
Em primeiro lugar, as fraquezas já podem ser notadas quando no momento
da escalação do time que inicia os jogos. Ainda que reconheça que
não seja de todo ruim, que a culpa passa longe de ser somente sua e
que foi um jogador no qual sempre opinei que merecesse uma chance
para mostrar seu valor, Diogo Silva não é goleiro, hoje, para o
perfil de um time que deseje ser vencedor. Instável, consegue
oscilar entre defesas difíceis que consegue fazer e outras não tão
complicadas que poderia ter feito mas que deixa a bola passar e
“morrer” em nossas redes. Está clara sua deficiência na
reposição de bola e nos chutes de longa distância, bem como sua
notória insegurança, que no princípio da sinergia, é mútua entre
os homens que compõem sua defesa e o próprio. O setor defensivo do
Vasco, como um todo, é fraco: pela insegurança que todos transmitem
entre si e pelo fator técnico também. Desmotivar ao goleiro, no
entanto nesse momento, é um ato de covardia e até mesmo de atentado
contra nosso futuro no campeonato, pois à exceção da promessa
Jordi, o restante dos goleiros conseguem ainda ser piores do que
Diogo Silva.
Tal instabilidade e insegurança se propaga para o miolo de zaga. Sobre
esse ponto, começa a recair, mais uma vez, à culpa para o técnico
Dorival Júnior que, por sinal, já começo a questionar de forma
mais incisiva se a escalação de determinados jogadores é por sua
própria vontade ou se tem “dedo político” nessa “jogada”.
Ao passo que, mesmo sem serem brilhantes, temos jogadores que gozam
de maior segurança – e que vinham jogando de forma correta – no
banco de reservas tais como Jomar e Renato Silva, contamos com a
(ainda) titularidade de Cris, zagueiro que consegue ter a média de
TRÊS GOLS sofridos pela defesa que compõe desde que estreou no
atual certame, diante do Grêmio. Jomar, inclusive, que vinha
adquirindo confiança ao longo dos jogos foi covardemente relegado a
um posto no qual NÃO merece estar, além de ser cria do Vasco, ter
mais vitalidade e MUITO mais futuro pela frente do que a invenção
Cris. E Renato Silva que, apesar de ser limitado, vinha jogando um
futebol aceitável dentro da carência técnica de zagueiros que
temos em nosso futebol.
Não fosse por esse último agravante, uma das soluções propostas para
fechar essa defesa e prover maior segurança para o restante do time
seria a escalação com três zagueiros e a transformação dos
laterais Fagner e Yotun (ou até mesmo Rodrigo Biro, que foi
anunciado nessa semana) em alas. Particularmente, sou um defensor do
esquema 3-5-2 quando bem treinado e implantado, e para esse time do
Vasco poderia significar a resolução de boa parte de nossos
problemas, INCLUSIVE a deficiência de nossos laterais em marcarem.
Fagner, inclusive, consegue hoje estar pior do que o peruano: tem ido
muito mal ofensivamente e pior ainda defensivamente não
justificando, até então, a titularidade absoluta, haja vista que
Nei (tecnicamente, bem pior que Fagner) consegue, nesse momento,
estar em seu igual patamar sob o ponto de vista técnico.
No meio de campo, outro fator que não consegue contribuir, até mesmo
para a mudança radical de esquema e enquadramento de uma defesa mais
firme e mais sólida: a falta de bons volantes. À exceção de Abuda
que faz o que pode e que fora bem até em boa parte dos jogos em que
atuou, o restante de nossos volantes deixa a desejar: seja pela
fraqueza de seu porte físico (Fellipe Souto) ou até mesmo por
estarem mal tecnicamente mesmo (Wendel). O ideal que, infelizmente
não é o real, seria a colocação de dois volantes de contenção,
e mais Juninho para contemplar a esse setor do time, deixando no
ataque André e mais um. Continuar dando chances a Marlone enquanto
Montoya não está cem por cento ambientado e em seu melhor patamar
técnico e utilizar mais as boas promessas que começam a surgir, tal
como Fábio Lima Willie, por exemplo, esse último tendo ido muito
bem diante do Cruzeiro. E sobre Willie, eu discorro adiante.
Willie vs Éder Luís
Bastou somente um jogo tendo à frente um jogador que pode até não
“vingar” no futuro para que chegássemos à conclusão de o
quanto Éder Luís fazia mal a esse time. Em lugar de um jogador já
veterano atabalhoado, enrolado, que não sabia quando e como passar
ou quando chutar e que brigava inclusive com a bola dominada em suas
próprias pernas, demos lugar a um jovem garoto, promissor, que chuta
bem de fora da área também e que tem, mesmo que em sua estreia, a
calma e a tranquilidade para dar um drible de peito e fazer um belo
gol. Até mesmo no aspecto psicológico, tínhamos sempre a impressão
de um jogador desmotivado em Éder Luís, ao contrário do entusiasmo
e explosão mostrados por Willie no último jogo. É claro que ainda
é prematuro dizer se o mesmo será craque ou não, mas é certo
também que o time precisava desse “gás sonegado” por Éder
em seus últimos tempos de Vasco.
Vale somente uma pergunta bem simples nesse caso: esse jovem talento
promissor que chega ao Vasco por empréstimo até o final do ano tem
seus direitos econômicos fixados junto ao Vitória da Bahia, ou
seria mais um para o Vasco servir de vitrine e depois ser negociado
com quem tem bem mais “cacife” financeiro do que nosso
clube?
Marlone vs Pedro Ken
A cada jogo que passa e que demonstra potencial, tal como contra o
Nacional-AM na quarta-feira passada, Marlone demonstra o quanto tempo
foi lhe subtraído quando dávamos chances para Chaparro, por
exemplo, e tirávamos o lugar que poderia ser seu, tal como ocorre no
presente, em que Dorival Júnior prefere ao limitadíssimo e inóquo
Pedro Ken em seu lugar. Tal como nos caso de Jomar e, até mesmo, do
também jovem lateral-esquerdo Henrique que já recebeu algumas
chances de Dorival Júnior, Marlone é um ativo do clube, no qual
custa bem menos aos combalidos cofres do Vasco e sobre o qual o clube
pode obter um dinheiro em uma transação no futuro.
Filosofia da base – Parte II
Não faz tanto tempo, o meu companheiro Vítor Roma escreveu no site no
qual ele escreve agora sobre esse tema e que terei o prazer agora de
dar continuidade.
Lembro-me bem quando, em março de 2008, nosso ex-Presidente deu uma
“cornetada” sobre sua invenção de técnico Romário para
que o “Baixinho” escalasse Alan Kardec em lugar de Abuda,
atacante ex-Corínthians, segundo o próprio ex-jogador (ou seria
ex-técnico) que hoje é um dos credores do clube. Isso provocou
desentendimento entre ambos na época e foi o estopim para que o
próprio Romário desistisse dessa carreira. Lembro-me que, naquela
mesma noite, Alfredo Sampaio foi dirigir o time em São Januário
sozinho, com a exigência do ex-Presidente satisfeita pelo técnico.
Guardadas as devidas proporções e excluindo todo o puritanismo e o
comportamento falso moralista no qual às vezes toma conta de nós
mesmos, obviamente nesse caso eu sou obrigado a concordar com o nosso
ex-Presidente. Em primeiro lugar, Kardec era um ativo do clube, ao
passo que Abuda era mais um dos jogadores no qual estava no plantel e
que o Vasco muito pouco teria de seus direitos em uma transação
caso viesse a se destacar. Como jogadores de nível técnico
parecidos, a preferência SEMPRE tem que ser de quem é oriundo das
divisões de base da própria instituição. Hoje, Alan Kardec tem
mercado em vários clubes que se interessarem por um atacante alto,
bom cabeceador estilo Jardel, ao passo que Abuda sumiu dos holofotes
do futebol.
Em segundo lugar, o Vasco que aprendi a amar sempre foi um clube que
tratou com MUITO respeito seus jovens formados. Lembro-me bem que, na
debandada do time pentacampeão carioca invicto de 1992, na ausência
do ídolo Roberto Dinamite, o ex-Presidente Calçada e o ex-VP Eurico
Miranda deram a Valdir – um jovem artilheiro recém campeão, autor
do gol que sacramentou o título daquela temporada perante o Bangu e
campeão em janeiro daquele ano de 1992 da Copa São Paulo de
Júniores – a condição de substituir. Isso mesmo: substituir ao
jogador que fez mais de SETECENTOS GOLS em sua carreira! E naquele
mesmo ano de 1993, Valdir não foi só artilheiro como foi um dos
pontos fortes dos times bicampeão em 1993 e tricampeão em 1994.
Daí, vale a pergunta: o quanto de jogadores promissores e formados pelo
próprio clube podemos perder, hoje, fruto de uma intervenção de
empresários que colocam desconhecidos no plantel dos clubes,
entupindo-os de jogadores inúteis e tirando o espaço dos Valdir que
ainda podem surgir? Será, por exemplo, que Nílson, Lipe e Morano
poderiam ter tido sucesso no Vasco? Não poderemos responder, porque
simplesmente em seus lugares os Robinho, Magno e outros tiveram
chances, mas eles infelizmente não.
O mesmo aconteceu recentemente com o promissor Romário, autor do gol
diante do Fluminense nas semifinais da Taça Guanabara desse ano: por
que liberar o garotopara um clube pequeno de Portugal e colocar
Edmílson em seu lugar. E mais: tendo em Reginaldo seu reserva
imediato? Sinceramente, é estarrecedor e entristece DEMAIS!
O título recente da Copa BH de Futebol Júnior – o SEGUNDO MAIOR desse
país em competições desse tipo – deve marcar o RESGATE de uma
filosofia outrora perdida pelo Vasco em razão dos muitos empresários
que dominaram o clube e de outros descasos que vieram a público e
que nos envergonharam profundamente. Ter um ídolo do passado a
comandar esse trabalho (Mauro Galvão) e um aspirante a grande
treinador no futuro (Sorato) já é um indício de que coisas boas
poderão vir. Investir em estrutura é essencial: ao contrário do
que muitos pensam, eu pensaria em investir algum dinheiro que o clube
venha a receber na compra do CT de Piranema, cuja área já visitei
algumas vezes e trata-se de uma rica estrutura que teríamos em nossa
posse definitiva para continuarmos um trabalho que JAMAIS poderíamos
ter parado em um passado recente.
E outros tantos jogadores promissores que hão de aparecer e que já
despontam como promessas: Jordi e Jhon Cley, inclusive, sendo esse
último resgatado da irresponsabilidade de um ex-treinador que quase
o “queimou” no clube.
A lamentar, somente a possível perda de Danilo para um clube europeu.
Mas enquanto tivermos que aturar os Edmílson, Reginaldo, Pedro Ken,
Cris, André Ribeiro, Michel Alves, Leonardo, CARLOS ALBERTO (que
ganhou MUITO pelo MUITO POUCO que fez depois que ganhou a Série B
por nós em 2009 e que hoje ameaça processar ao clube por uma
suposta dívida que diz que tem merece receber), pagar parte dos
salários de jogadores emprestados entre outras coisas mais NÃO
poderemos reclamar de vender um possível talento por menos que
poderia vender mais adiante.
Vencedor do desafio semanal
PARABENIZO ao leitor de alcunha “ALFF”, da rede supervascainos.com,
por ter sido o VENCEDOR do último desafio semanal! Em tempo: quem marcou
o gol da vitória sobre o Cruzeiro em BH pelo Campeonato Brasileiro
de 1989 foi VIVINHO!
“Toques finais”
1º) Apenas para refletir: nesse primeiro turno, das dez partidas contra
os maiores adversários que constituem os clubes considerados de
maior expressão no país, o Vasco venceu duas, empatou duas e perdeu
SEIS. Fez um total de dezoito gols e tomou VINTE E CINCO. Portanto,
nos próximos cinco jogos – quatro deles contra clubes que não são
os clubes considerados de maior expressão no país – o Vasco terá a
chance de “respirar” de vez ou de “se decidir”
pelo sofrimento até o fim desse campeoanto.
2º) Gostaria de homenagear a duas pessoas hoje: à minha amada mãe LÉA
MARIOTTI
, vascainíssima e que faz aniversário na presente data; e ao meu
amigo CÉSAR AUGUSTO MOTTA,
colunista desse sítio igualmente e que completou nessa semana mais
uma “primavera” de vida também! 
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