A VERDADE LIBERTA E DEVE SER DITA ATÉ QUE SEJA COMPREENDIDA E ABRAÇADA.
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"O Flamengo podia ter um preto no atletismo, no basquete, no water-polo, no remo. Assistia-se a uma regata de longe, do pavilhão da praia de Botafogo, da amurada da Avenida Beira-Mar, de uma barca. Não se via direito o remador, via-se o barco, os remos. Os remadores, numa regata, viravam uns barcos, uns remos. Num match de futebol via-se o jogador em close-up. Batalha, Pena e Hélcio, Mamede, Seabra e Dino, Newton, Candiota, Nonô, Vadinho e Moderato. O Flamengo não podia ter nenhum preto em futebol. Em futebol precisava ser branco, tão branco como o Fluminense. Não era de admirar, portanto, que quando gente do Flamengo e do Fluminense se juntava para formar um escrete carioca, o escrete saísse todo branco, do quíper ao extrema-esquerda". (trecho de "O Negro no Futebol Brasileiro", de Mario Filho)
O primeiro clube brasileiro a aceitar um jogador negro foi o Bangu, no início do século passado. Mas foi no VASCO DA GAMA que surgiu o primeiro time racialmente misto. E aonde surgiu a primeira reação contra o racismo no futebol, a “Resposta Histórica”, que neste dia 7 de abril completa 90 anos. Em 1924, uma liga fundada pelos cinco times mais influentes da época – Fluminense, Flamengo, Botafogo, América e Bangu – exigiu que o Vasco se desfizesse de 12 jogadores negros, mulatos, nordestinos ou pobres. A tal liga, chamada de AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos) alegava que os atletas tinham “profissão duvidosa”. A “Resposta Histórica” foi enviada à liga como forma de recusa à exigência da AMEA. O Vasco, então, se manteve na enfraquecida LMDT (Liga Metropolitana de Desportos Terrestres) e se sagrou campeão com 16 vitórias em 16 jogos. No ano seguinte, o clube da Colina foi admitido na AMEA com os jogadores cujo talento dentro de campo estava em primeiro lugar. Uma reprodução do documento está exposto na Sala de Troféus de São Januário. Acima, um lembrete: “Sem o Vasco, o futebol brasileiro não teria conhecido Pelé”.
RESPOSTA HISTÓRICA
Rio de Janeiro, 7 de Abril de 1924. Ofício nr. 261 Exmo. Sr. Dr. Arnaldo Guinle M.D. Presidente da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos As resoluções divulgadas hoje pela imprensa, tomadas em reunião de ontem pelos altos poderes da Associação a que V.Exa tão dignamente preside, colocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada nem pela deficiência do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa sede, nem pela condição modesta de grande número dos nossos associados.
Os privilégios concedidos aos cinco clubes fundadores da AMEA e a forma por que será exercido o direito de discussão e voto, e feitas as futuras classificações, obrigam-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.
Quanto à condição de eliminarmos doze (12) dos nossos jogadores das nossas equipes, resolve por unanimidade a diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama não a dever aceitar, por não se conformar com o processo por que foi feita a investigação das posições sociais desses nossos consócios, investigações levadas a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.
Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno da nossa parte sacrificar ao desejo de filiar-se à AMEA alguns dos que lutaram para que tivéssemos entre outras vitórias a do campeonato de futebol da cidade do Rio de Janeiro de 1923.
São esses doze jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de sua carreira e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles, com tanta galhardia, cobriram de glórias.
Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V.Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA.
Queira V.Exa. aceitar os protestos de consideração e estima de quem tem a honra de se subscrever, de V.Exa.
At. Vnr. Obrigado (a)
Dr. José Augusto Prestes Presidente
COMENTÁRIO DO COLUNISTA WEBVASCO:
"Dia 7 de abril de 1924, o dia em que o Vasco disse não ao “apartheid” no Futebol Brasileiro! Racismo não faz parte da nossa história!" – frase de autoria de Marcus Simonini Ferreira, Sócio Proprietário do CRVG
“O Vasco é negro, é branco, é rico, é pobre, é diverso e complexo. O Vasco não é singular, é plural. Viva o revolucionário Vasco!” , por Eduardo Thomaz Vasconcelos, Sócio do CRVG
A História do Vasco, e o fato de ser considerado um clube simpático pela sua luta contra o racismo, deve ser divulgada, de forma incansável por todos os Vascaínos.
A nossa história de luta contra o racismo é tão forte, mas tão forte que faz os mais jovens, mesmo flamenguistas ou torcedores dos outros times, lerem, gostarem e verem o Vasco com outros olhos.
Num breve relato, uma estagiária aqui do meu trabalho, que se dizia flamenguista, mas não frequentava estádios, portanto não ia aos jogos, após trabalhar comigo, ler sobre o Vasco e conhecer sua luta contra o racismo, passou a torcer pelo Gigante da Colina, mas com a convicção que antes não tinha pelo flamengo. Disse que sua escolha pelo Vasco era uma questão de origem e ideologia, mais até do que por resultados. Ela viu o lado populista do flamengo, ligado à Globo (transforma a conquista de um simples e falido Carioca, da FFERJ, num Mundial de Clubes), ligado à malandragem, à esperteza, ao jeitinho brasileiro, e sem ética ("ganhar roubado é mais gostoso") e caiu fora! No fim do estágio, e como presente de despedida eu dei a ela uma camisa do Vasco, feminina, e ela chorou de emoção e alegria, pois disse que queria ter uma, e logo a colocou e foi embora vestida com ela feliz da vida.
Um trabalho forte de marketing renderia muitos torcedores ao Vasco, dentre aqueles nas pesquisas que dizem não ter preferência por algum time, ou torcem sem uma convicção, só porque os parentes torcem (talvez guiados pela mídia manipuladora da opinião pública).
A MISSÃO PARA O TORCEDOR VASCAÍNO: COMPARTILHE ESSE POST, MUITAS E MUITAS VEZES, SEMPRE!
O VASCO É O LEGÍTIMO TIME DO POVO! Essa é uma verdade que a mídia flamenguista tenta abafar e deturpar, e que eu não vi até agora nenhuma diretoria do Vasco dar sequência efetiva ao que foi realizado no início do Vasco da Gama, lá em 1924, com a Resposta Histórica. Se for feito um trabalho de formiguinha sério e bem coordenado de informação em todas as classes sociais, o Vasco ganhará muitos torcedores/admiradores e vai diminuir muito a rejeição de torcedores de outros times. Por este argumento, não tem como não respeitar o Vasco! Eu já vi isso na prática. Asseguro que dá certo. O Vasco é o verdadeiro Time do Povo, porque oriundo de imigrantes portugueses pobres, negros e mulatos operários brasileiros, do bairro de São Cristóvão.