Candidato à presidência pela Chapa “Sempre Vasco” ressalta que, sem gestão, não há crescimento e não se incomoda por apelido dado por opositores
Alexandre Araújo e Daniel Guimarães – 02/08/2014 – 06:30 | Rio de Janeiro (RJ)
Julio Brant é o primeiro entrevistado da série de reportagens especiais do LANCE!NET com os candidatos à presidência. Administrador, defende que a gestão é o melhor caminho para tirar o Vasco da atual situação e ressalta:
– Teremos esse desafio, mas se não fosse por esse motivo, não estaríamos aqui.
1 – Qual a sua relação com o Vasco?
Minha relação é de torcedor e sócio, relação de um carinho muito forte. Desde que eu era pequeno meu avô me levava a São Januário. No começo, muito mais pelo clube do que pelo time, para ser sincero. Criança não liga muito para futebol, vê mais ou menos, mas nossa curtição era ir ao clube. O Vasco na minha infância era um clube familiar, para levar o filho, o neto… Era uma relação de clube social, não só de futebol. Tenho relação que é a mais verdadeira, quero meu time volte a ser campeão, quer ter as mesmas alegrias que tive quando era pequeno. Quero que meu filho tenha as mesmas alegrias que eu tive. Minha relação é essa, fora de política. Essa é a primeira vez que estou entrando na politica do clube e não tenho nenhuma vontade de ser carreirista político. Não sou candidato a nada, só quero fazer um trabalho pelo Vasco.
2 – Quais os projetos para o programa de sócios?
Vi algumas oportunidades. Tenho amizade com o Luiz Felipe, presidente do Benfica, que é um rapaz que admiro o trabalho, procurei olhar o programa de sócios pela europa, nos Estados Unidos também, e não só do futebol, Giants (Beisobol) por exemplo… E, conceitualmente, programa de sócios tem de ser inclusivo. Tem de trazer o sócio. O que faz o Barcelona ter sócios no Japão? Não é ir ao estádio. É um conceito, uma inspiração que te traz, faz se sentir parte do clube. É um sentimento de pertencimento. Nosso programa de sócios deve fazer o cara se sentir parte do que é o Vasco da Gama. Conceito de nação não necessariamente tem ligação com territótio. Não tem ligação com físico, é imaginário, ideal, conjunto de ideias. No programa de sócios, a nação, ou seja, os torcedores vascaínos, vão se sentir partícipes de Norte a Sul. O programa de sócios terá ações e mecanismos para se tornar realidade. Mas tem de ter uma gestão da marca Vasco que aspire e traga a vontade de ser Vasco até estando na China.
3 – Quais os projetos para São Januário e outros patrimônios?
Temos de pensar em um conjunto. Não vou ficar prometendo nada. Primeira coisa que temos de fazer é arrumar o clube. Qual a primeira contribuição que posso dar a esses ativos? É gerir. Ponto número um, torcedor vai a São Januário e faltam coisas básicas. Dinheiro não é a solução para tudo, é parte da solução. O Vasco fatura R$ 152 milhões ao ano. É muito dinheiro. Pode faturar mais? Pode, e deve. Tem de faturar mais porque é pouco para as responsabilidades do clube, mas não é pouco. Temos de montar um processo de gestão adequado, com pessoas qualificadas. Não tem que inventar a roda, tem de fazer funcionar aquilo que funciona. Olhar o Vasco e vê que não pode ter gestão de clube de bairro. O Vasco é uma potência mundial, isso é fato, não é conversa de torcedor. Qualquer renovação, tem de estar ligada com a história. Ali moram os atributos da marca Vasco da Gama. É uma gestão básica, arrumar a casa, ter certeza de que está tudo funcionando. E, claro, ter um programa de valorização, que vai passar por parcerias A Sede Náutica (Lagoa) e Calabouço (Centro) estão em lugares que dá par fazer ações muito interessantes.
4 – Quais os projetos para o departamento de futebol?
Primeira coisa é: tem de fazer o Vasco voltar a ser campeão. Pode ser a empresa mais linda do mundo, bonitinha, mas se o Vasco não ganhar título, não vai para lugar nenhum. O time é a ponta da linha. E não dá para ter um time de qualidade sem um processo de gestão que funcione. De apoio e de cosnciência do que aquele atleta está fazendo no Vasco. Hoje em dia, a sensação que me dá é que o cara está vestindo a camisa de um clube menor. Tem de ter um trabalho de comunicação, para que o funcionário saiba o que está fazendo ali. O jogador precisa de apoio. Isso é um projeto de gestão do futebol. Processo de conceituação do que o cara está fazendo ali. Pode ser o melhor jogador do mundo, não interessa. O cara tem de vestir a camisa. Pode ser o Messi, mas se não tiver prazer de jogar ali, vai embora. E isso o torcedor tem de entender. E, sem nomes aqui, mas não podemos ter um cara só decidindo por contratar. Isso não vai acontecer. Nossa ideia é montar um conselho gestor do futebol, que vai discutir e, com ferramentas, dizer quem precisamos contratar.
5 – Quais os projetos para as categorias de base?
Sem ser redundante, a base é a base de tudo. O Vasco precisa voltar a produzir jogadores de qualidade. Foco vai ser muito grande, queremos voltar a revelar jogadores. Prefiro colocar jogador da base e expor ao profissional que contratar jogadores sem compromisso com o Vasco e com resultados discutíveis. Pensando em termos monetários, o cara pode trazer dinheiro ao Vasco. Logicamente, tem um processo por trás disso, um trabalho de métrica e alguns parâmetros. Pode dar errado. são seres humanos, mas tem menos chance. A base é fundamental. Vamos olhar a tradição, a história do Vasco é formar jogador.
6 – Quais os projetos para os esportes olímpicos?
Nosso foco vai ser o futebol. Não tem jeito. Quem tem muito foco, não tem foco nenhum. Sem o futebol, nada disso é possível. Esporte olímpico vai ter de provar a viabilidade, provar que consegue andar com as próprias pernas e se estruturar financeiramente. Futebol é uma realidade, basquete é outra, vôlei outra. Cada esporte é um mercado. Tem uma série de incentivos fiscais, que serão usados nestes projetos. Queremos reativar os esportes olímpicos, mas precisamos trazer viabilidade a esses projetos. E tem de ser um projeto sustentável e se manter em uma crescente ao longo dos anos. É um legado que queremos deixar, o Vasco arrumado, campeão e com sustentação para continuar sendo campeão.
7 – Como vê esse conturbado processo eleitoral do Vasco?
Vou falar como vascaíno e não como candidato: uma vergonha! Sinto-me envergonhado. É uma mensagem que Vasco dá à sociedade muito ruim. Brasil vem mudando fortemente, outros clubes mudaram e o Vasco continua fazendo essa vergonha. Política do século passado. É um exemplo que destrói a imagem do Vasco e os atributos positivos que a marca positiva. Dá um sinal péssimo à sociedade de que não respeitamos as regras. Sinto envergonhado, mas fico motivado em mudar esse processo, fazer uma reforma no estatuto.
8 – A oposição se refere a você como aventureiro…
O pessoal fala “Ah, é um aventureiro”. Ótimo. Vasco da Gama era aventureiro. Só que este aventureiro sabia onde queria chegar. Tinha controle e domínio. O que move o mundo são os aventureiros. Confundem aventureiros com irresponsável. E tem irresponsável que não é aventureiro. Só olhar como está o Vasco!
9 – Tem algum projeto que já esteja andamento visando a vitória na eleição?
Temos um fundo, de um grupo árabe, de 50 milhões de dólares que fará parte da reestruturação financeira do clube. Temos uma carta de compromisso em mãos. Consegui isso através da relação direta entre eles, que confiam na minha capacidade.
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