Muito mais do que uma simples vitória! Creio que assim deva ser encarado o triunfo do Vasco nesse último domingo perante o rival Fluminense. Não pelo fato de estarmos, de novo, decidindo um campeonato carioca após dez anos de longa espera. Mas sim, por toda a carga positiva que ela (vitória) traz consigo, e que pode ser vista sob alguns pontos de vista que vão, também, além-campo.
Não é de hoje que travamos uma batalha particular contra o adversário citado, e disso todos já sabemos do que se trata. Perdemos nosso lado no estádio para os torcedores do mesmo, perdemos batalhas fora de campo, perdemos torcedores jovens, crianças, adolescentes inclusive, com a escassez de troféus de nossa parte e a impulsão gerada pela patrocinadora do plano de saúde no tricolor que os levou a conquistar mais títulos do que nós e a estar disputando outros tantos constantemente ao passo que nós, na maior parte dos anos desse século, sucumbimos ao papel coadjuvante ou mesmo figurante em muitos dos campeonatos disputados. Não por acaso noto, em minhas salas de aula, um número compatível de jovens que torcem pelo Fluminense e para o Vasco, quando na minha época de estudante na escola eu contava nos dedos quantos tricolores havia ao meu redor, em classe…
Só não perdemos o costume de vencê-los, superando-nos e a eles, principalmente, independente das adversidades.
Sinceramente, passei um domingo tranquilo, sem ansiedade para começar logo o jogo. Não porque não estava lhe dando o devido valor, e sim, porque algo em mim, minha intuição talvez, já dava a vitória como certa e a vaga como ganha! Sim, não contei no relógio (e digo isso, na honestidade mesmo!) nenhuma vez quanto tempo faltava para começar o jogo! O costume de triunfar sobre o Fluminense, em mim, já está enraizado, ao ponto de lamentar ao fato de não disputarem a série B conosco esse ano, pois seriam seis pontos já computados em nosso favor… O resultado, para mim, não foi surpresa, e não somente pelo ponto-de-vista sentimental, mas técnico também. E sobre esse último, explico mais adiante…
Mas sobre a carga positiva que a vitória trouxe consigo além do ponto-de-vista já exposto, há também outro aspecto que chama atenção e que deve ser objeto para reflexão: a consciência da torcida vascaína em valorizar essa vitória e manter-se firme em seus propósitos, independente do resultado que houver em campo daqui para frente. Pelo menos com grande parte dos companheiros mais próximos que possuo (pessoalmente e via redes sociais, muitos desses sócios do clube como eu), observo em seus discursos a certeza da necessidade do triunfo ao melhor estilo; e independentemente desse possível futuro triunfo, o DISCERNIMENTO para que haja pressão e o quadro social mude o clube. Ou, ao menos, faça a opção por ser diferente do que, hoje, encontramos em São Januário.
Nessas horas é que ser maduro, ser frio, saber avaliar e ter esse tal DISCERNIMENTO para tanto são virtudes que devem ser lembradas e valorizadas. Por muitas vezes que comentei nas redes sociais, em especial, a necessidade de o vascaíno assumir ao clube com inteligência (e não somente com o coração) passa por saber separar “o joio do trigo”: valorizar uma conquista em campo e saber mudar os rumos de sua própria história fora dele. Separar o emocional do presente do racional futuro, e não vivermos como em vezes anteriores de um raro momento de felicidade e fazer dele o pretexto para pensar que tudo está bom e que nada deva ser mudado no clube, tal como deve ser.
Não é preciso o cenário de caos para que haja mudanças significativas, e assim, muitos de nossos rivais escrevem ou escreveram sua história. Por que o vascaíno, então, não pode se dar à felicidade de mudar o curso de sua nau no melhor cenário possível, provocando assim, mais uma vitória sobre nossa ultrapassada ideologia de que só mudamos quando perdemos, portanto, “a derrota torna-se necessária” nesse tipo de argumento?!
Muito mais do que se deixar levar pelo aspecto emocional, quem for Vasco DE VERDADE deve esquecer algum possível reflexo futuro em função de uma possível conquista no presente e torcer para que ela se concretize, ainda que não seja fácil vencer o Flamengo, a FFERJ, seus árbitros, a Globopress que melhor representa a Flapress e a nossa própria falta de representatividade na mesma federação promotora do campeonato. A hora, agora, é de apoio ao que pode ser a ruptura sobre um período longo de jejum de títulos cariocas, além de dar a uma geração de vascaínos nascida após 1988 a chance de ver o primeiro triunfo do clube sobre os arquirrivais em uma final de campeonato.
Mas que venham todos, mas venham bem quente mesmo, porque o Vasco que aprendi a conhecer e no qual acredito que voltará a ser em breve não teme a esse tipo de adversidade: ao contrário, as enfrenta, dignificando o que há de melhor de escrito em sua história!
A vitória da organização e da ofensividade
Nos dois jogos das semifinais diante do Fluminense, o Vasco obteve aproximadamente setenta por cento da posse de bola em ambos. Afora algumas circunstâncias normais de perigo por parte do adversário – tecnicamente, mais qualificado do que nosso time – o Vasco dominou em boa parte das ações construídas em campo, não permitindo que o Fluminense tomasse gosto e fizesse prevalecer seu setor ofensivo, que é o que há de melhor em seu time. Diferentemente do jogo do turno, em que no segundo tempo daquele mesmo, o Vasco fora dominado e poderia, afora o gol irregular de Fred, até ter saído derrotado, sem absurdo algum. O que mudou, então?
Naquele jogo, o Vasco formou sua meia com Aranda, Guinazú, Pedro Ken e Douglas. Teoricamente, três cabeças-de-área, considerando que o próprio Pedro Ken assim se considera, pois ele próprio entende que, quando empurrado para jogar mais à frente, não rende o esperado. Jogou de forma acovardada quando tinha a vantagem do marcador, mas sua escalação inicial bem como em boa parte de grande parte dos jogos (mesmo contra os times de menor investimento) já denotava essa conduta muito mais defensivista. Chamou o adversário para o jogo, e não perdemos aquele mesmo porque era Fluminense o adversário e ainda com seu potencial mal explorado por seu treinador Renato Gaúcho.
Com a necessidade de se expor, Adílson foi obrigado a aderir ao estilo que lhe parece menos agradar, mas que é assim que a maior parte dos campeões joga. Dois cabeças-de-área, um meia-ofensivo armador (o melhor que possuímos, ainda que não tenha estado tão efetivo assim) e três atacantes. Não sou tão exigente de pedir três avançados na teoria, mas ao menos, dois meias-ofensivos juntos a dois atacantes já me traria, particularmente, um pouco mais de esperança. Ainda assim, o futebol demonstrado nessa semifinal foi reflexo dessa mudança de pensamento. Os dois pontas abertos (Everton Costa e Reginaldo) impediram os avanços dos laterais tricolores e isolaram Conca no meio que, sozinho, nada pôde criar.
Como resultado, uma vitória do modelo corajoso implantado em um time bem organizado sobre o modelo covarde, mesmo diante de um adversário tido como “favorito”.
Ao contrário do tri-campeonato conquistado pelo arquirrival em 1999-2000-2001, dessa vez o Vasco é que entra em desvantagem. Desejo que Adílson – alvo de minhas críticas – relegue de vez seu jeito defensivo utilizado mesmo contra os piores dos adversários possíveis, e escale o time com a mesma filosofia ofensiva e organizada nesses dois últimos embates que teremos diante do Flamengo e companhia, que irão já a partir de hoje começarem a trabalhar para que o rubro-negro “da nação” seja o campeão carioca, e nós (ainda que não tenhamos tantos quanto eles), o rótulo de “eterno vice”.
Trabalhar fora de campo também
Em um levantamento realizado por um companheiro vascaíno e me enviado por e-mail, alguns números chamam nossa atenção: nas quinze últimas edições do Campeonato da FFERJ, o Flamengo foi campeão oito vezes, não perdendo nenhuma decisão direta, exceto finais de turnos (poucas, por sinal).
O desempenho do Flamengo no estadual no intervalo de 1999 a 2013 supera o desempenho no período de 1978 a 1992 quando conquistou seis títulos estaduais em quinze temporadas, sendo dois deles no mesmo ano (1979E e 1979). O período de 1978 a 1992 foi o mais vitorioso da história do Flamengo que ganhou cinco (?) vezes o Brasileiro (1980, 1982, 1983, 1987 (?) e 1992) e uma Copa do Brasil, além dos seis estaduais.
Excluindo os últimos seis anos (de 2008 para cá), apenas uma vez teve outro intervalo de quinze temporadas em que o Flamengo conquistou seis títulos estaduais em mais de cem anos disputando o torneio. Foi de 1972 a 1986, que inclui os dois títulos do ano de 1979.
Curiosamente, é nesse período de maiores conquistas em que um ex-membro torcedor declarado do Flamengo foi membro da FFERJ, inclusive alcançando a época em que o Presidente da mesma entidade era Eduardo Vianna, vulgado “Caixa D’água”.
http://www.lancenet.com.br/minuto/Capitao-Leo-Fla-Ferj-Sky_0_1099690135.html
Enquanto isso, entre 1986 e 2000, o Vasco foi campeão carioca seis vezes, ao passo que o rubro-negro, cinco, incluindo o campeonato de 1986 e as famosas “papeletas amarelas”, caso esse camuflado pela mídia, omitido da opinião pública em uma ÚNICA ocasião em que pôde se comprovar a farsa de um título conquistado, tal como mostrado em matéria adiante.
“Escândalo das Papeletas amarelas: 300 mil cruzados (moeda da época) foram parar na conta de um dirigente do Flamengo. Alegação era de que o dinheiro iria ser usado em operações para facilitar o título carioca do Rubro-Negro naquele ano”. Fonte: http://www.apitonacional.com.br/noticias/noticiasantigas/papeletasamarelas.htm
“Polêmica antes da final do campeonato carioca de 1986” Fonte:[youtube Q_CxFkHaXJw]
No entanto, apesar desse escândalo, muito se ouviu durante anos que o Vasco era beneficiado durante o período em que “Caixa D’água” presidiu a FFERJ. Beneficiado por um titulo a mais que o rival em quinze anos?!
Sabedores da omissão (mesmo em um momento decisivo) do “braço-direito” do Presidente da FFERJ, que é Presidente do Conselho de Beneméritos de nosso clube, se o Vasco quiser ser campeão realmente, irá ter que trabalhar MUITO em vigilância nos bastidores dessa entidade nas próximas duas semanas. E não se calar, a exemplo de Ercolino Jorge de Luca, nosso atual VP de Futebol, ÚNICO da gestão Roberto que não se calou, e muito por conta de sua pressão que Fred teve seu gol irregular anulado hoje, não me resta dúvidas sobre isso.
“Toques finais”
1º) Ainda sobre Ercolino, parabenizo-o pela atitude que se deve tomar não somente agora, mas toda a vez que o clube se sentir lesado por essa trupe que arbitra os jogos de futebol e que mudam, inclusive, o rumo dos campeonatos. Para pensar: poderíamos ser nós a termos a vantagem de dois empates se não fossem cometidas as contra nós nos jogos contra a dupla Fla-Flu, pela Taça Guanabara.
2º) PARABÉNS ao time de Beach Soccer do Vasco, CAMPEÃO mais uma vez da Copa Brasil, nesse último domingo!