Ao passo
que, em muitos casos, pensamos nas soluções mais complexas para resolver nossos
problemas, chegamos à conclusão de que a boa parte desses mesmos basta-se
aplicar as medidas mais simples para que se obtenha o resultado desejado. Assim
pode ser definida a relação entre o técnico Adílson Batista com o time do
Vasco. Tendo como exemplo o último jogo, vencido por nós com muita tranqüilidade,
tal como deve ser a relação do Vasco como clube GIGANTE com boa parte dos times
desse certame de paupérrimo nível técnico.
Não sou
adepto ao discurso comparativo de um time que ainda está em formação com times
amadurecidos, contidos no hall dos melhores times do mundo. Chega a ser uma
comparação um tanto “tosca”, para ser sincero, comparar o time do Vasco e
querer fazê-lo jogar num esquema de jogo tal como Barcelona, Bayer Munique ou
qualquer outro time desse naipe, tal como sugeriu Adílson em duas das suas
recentes entrevistas. São casos diferentes. São esquemas de jogo executados por
jogadores com abismo técnico gritante (Xavi e Fellipe Bastos, por exemplo). Para
se chegar ao nível desses times, e até mesmo desses clubes como organizados que
são, são MUITOS milhares de quilômetros de distância a serem percorridos. Tal
como seria da mesma forma “tosca” se a comparação fosse, com todo respeito, a
clubes de menor expressão, como Boavista, Macaé ou mesmo Friburguense, por
exemplo.
Por essa
razão, creio que o melhor caminho continue sendo a humildade e simplicidade no
trabalho e nas tomadas de decisões. E sobre esse último citado, Adílson é
conhecido por querer complicar algo que, aparentemente, é simples. Estava
nítido e evidente que jogando com três cabeças de área, três atacantes, sem
armador, sem vida inteligente para pensar o jogo e criar oportunidades de ações
no meio de campo e ainda com o agravante de que os alas passam longe de serem
os ideais nesse momento (pelo menos, ofensivamente), o time não iria obter nada
de expressivo em termos de resultado.
Em
substituição a tal “engenhoca” criada por Adílson sob o discurso da mescla
entre os esquemas táticos de Barcelona e Bayer, o modelo simples que ainda dá
resultados, se bem treinado e executado: ao menos um homem que seja capaz de
produzir jogadas no meio de campo. Não precisou ser gênio para percebemos a
diferença em que Montoya, mesmo tendo muito a provar ainda para nós, faz em
terra carente de meias-ofensivos de qualidade. Jogador agudo, chegando bem ao
atacante, ao estilo “facão”, dando passes no meio e caindo pelas pontas para
buscar jogo.
Ainda que
pese o fator adaptação, chega a ser um escárnio ter-se abdicado de sua
possibilidade de produção para uso de Francismar, por exemplo, tal como foi na
vexatória campanha do rebaixamento 2013. Montoya demonstrou, ao menos, isso
contra o Friburguense, e pode demonstrar ainda mais, dando-lhe rodagem e tempo
necessários para seu desenvolvimento e encaixe com o time a se formar.
E pode
melhorar ainda mais se, ao lado dele, houver mais um homem ofensivo de
qualidade a lhe ajudar. Juninho pode ser esse homem, mas colocar-lhe toda a
responsabilidade de compartilhar a criação do time é querer demais de um atleta
veterano de quase quarenta anos vindo de contusão e que, com certeza, não irá
atuar em todos os jogos. Isso se realmente ele continuará jogando (sobre isso,
comentarei mais adiante). Esse é o setor em que precisamos de maior atenção e
dos esforços necessários para buscar mais alguém a qualificar esse plantel.
Temos somente Juninho (por hora), Montoya, Dackson (para mim, um bom reserva
somente) e Bernardo, em princípio. Temos um jovem promissor como Guilherme
Costa na base, mas “verde” ainda para os profissionais.
A solução é
buscar mais um ou dois jogadores para esse setor. E com o dinheiro a ser
economizado na dispensa de outros tantos encostados que nada renderam no ano
passado, torna-se bem possível que isso aconteça. Pelo menos, até o início do
Campeonato Brasileiro, seja na série A ou B, que é o foco nessa preparação.
O fator
defesa
Se ofensivamente
temos quem, finalmente, nos devolva a esperança de criação de jogadas com
qualidade, defensivamente estamos bem servidos. Nada mais de confiar nos Renato
Silva e Cris, tal como foi a defesa que sepultou em campo nossas chances de
permanecer na elite do futebol brasileiro. Em seus lugares, a qualidade de um
jovem promissor – Luan – amparado pela experiência de Rodrigo, um dos destaques
da equipe esmeraldina nesse mesmo certame. Tendo ainda o ressurgimento de
Rafael Vaz, que somente razões extracampo são capazes de explicar seu período
de ausência naquele time com a zaga já citada. Pelo menos, para mim.
Como bom
entusiasta que sou quando assim me permitem, sou um dos fãs de um esquema 3-5-2
bem treinado. E assim poderia jogar o Vasco com o tempo, tal como o próprio
Adílson já fizera com Grêmio e Figueirense em tempos atrás. Com certeza, não há
quem não sinta segurança para atacar aos adversários quando se tem uma “cozinha”
formada por Luan – Rodrigo – Vaz na zaga, e tendo como proteção Aranda (entrou
muito bem nesse time no último jogo) – Guinazu, ambos volantes que mostram
qualidade em seus passes, além de boa marcação. Muito mais fácil e menos
entediante confiar em tal formação do que, por exemplo, em três
cabeças-de-área, sabendo-se que dois desses três são Abuda e Fellipe Bastos,
esse último, superestimado e com pensamento de Xavi quando, na verdade, é
somente ele próprio que representa seu futebol.
Nos
arquero!
Na última
sexta-feira, Rafael Marques (comentarista do Sistema Globo de Rádio e um dos
bons representantes da vascainidade na imprensa esportiva) disse aos microfones
do rádio que, “após muito tempo, o Vasco finalmente entraria com onze jogadores
em campo”, refletindo o pensamento de toda uma torcida sofrida e que viu a
mediocridade imperar nesse setor no último ano.
Martín
Silva pode não chegar aos pés, para muitos, de goleiros da envergadura técnica
de Gianluca Buffon por exemplo, mas com
certeza, está a anos-luz de Alessandro, Michel Bastos e de Diogo Silva.
Esse último que sequer poderia iniciar o ano, inclusive, nem mais reserva
imediato para Martín deveria ser, dando vez ao bom jovem promissor Jordi, que
como ele terá tudo para se ter, finalmente, uma referência em campo para
crescer em seu potencial com o tempo e, quem sabe, alcançar ao estrelato, tal
como seu preparador Carlos Germano, Acácio, Fábio e Hélton (todos formados no
Vasco) alcançaram também um dia.
E em tempo,
mesmo: é MUITO mais respeitoso para os adversários verem um setor defensivo
formado por tais homens de defesa e goleiro citados por mim do que com àqueles
que rebaixaram o Vasco em campo no ano passado. E, ao contrário do que
acontecera, deixar de tomar gols em TODOS os jogos já é um grande avanço para
nossas pretensões, ao longo do ano.