O problema da (falta de) identidade

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Segundo levantamento feito pelo site Futdados.com.br, o Vasco é o clube considerado grande que mais perdeu para os “pequenos” nas cinco últimas edições do fracassado campeonato carioca. Não só fracassado por suas rendas e públicos produzidos nos estádios, como também falido tecnicamente e moralmente, tendo em vista esse último fato constatado segundo informações apresentadas em meu último texto, na semana passada.

Tratar tais números como sinais do “apocalipse vascaíno” é pregar o caos e se valer de uma prática muito comum nas horas difíceis, que é o oportunismo levado pelo sentimento de tristeza (ou não, para alguns) e pelo desânimo frente ao péssimo legado que vai deixar a gestão Roberto para seu sucessor. No entanto, ignorá-los também não é o correto, pois na frieza dos números algumas constatações merecem um tempo maior para reflexão.

O Vasco perdeu mais uma vez, e em seu estádio, para um clube considerado “pequeno“. Se não houvesse o “mais uma vez” nessa frase, não teríamos o porquê de tanto alarde. Seria uma derrota, até certo ponto compreensível, para um clube considerado pequeno pelo seu investimento, mas que faz uma campanha de clube grande nesse certame e muito bem dirigido por seu técnico. Tal como em certa ocasião, em São Januário mesmo, pelo mesmo campeonato em 2000 e pelo mesmo placar, quando o Vasco tinha um time excepcional e perdeu para o América (hoje, na segundona carioca).

O problema é o costume, e sobre isso é de estarrecer, inclusive, a passividade de nossa torcida frente a tais fatos. O clube perde em São Januário, sua casa, local onde foi considerado um dia seu “caldeirão”, a torcida deixa o estádio e o que se sente é a sensação de que “já virou costumeiro”, de “normalidade”. Obviamente, futebol é o esporte capaz de proporcionar essas surpresas, tal como na mesma tarde uma vitória com autoridade do Botafogo com seus reservas frente ao Fluminense com Fred, Conca e companhia.

O problema é quando deixa de ser surpresa e se torna esperado. Chega a ser ultrajante esperar que o Vasco possa perder para uma equipe recém-chegada da segunda divisão dentro de São Januário. É óbvio que existe um hiato técnico entre o Vasco e o América de 2000 em comparação ao Vasco e a Cabofriense de 2014. Ainda assim, crer na possibilidade de sair derrotado nesse confronto (onde tudo indicava mais uma vitória do Vasco) como “costumeira”, sem a encarar como fator “surpresa”, tal como deveria ser, preocupa MUITO.

Não estou sendo leviano em afirmar que isso não possa acontecer, tal como já citei e poderia citar outros exemplos semelhantes ao Vasco vs América de 2000 como exemplos, mas que aconteça dentro de um respeito, tendo no Vasco, na força de sua história mais do que centenária, em seus títulos, suas conquistas e sua torcida o clube com a OBRIGAÇÃO em honrar tais fatos, e o adversário sabendo que irá ter que “ralar MUITO” se quiser sair com um resultado positivo de onde quer que jogue contra o Vasco.

No entanto e, mais uma vez, reportando-me à frieza dos números, não é assim que tem ocorrido. ONZE derrotas contra clubes dessa natureza, sem expressão e sem ambição,nos últimos cinco anos NÃO DEVEM ser ignoradas. Ao contrário, merecem MUITA reflexão e reavaliação por parte de quem não queira, de jeito algum, ajudar essa diretoria INCOMPETENTE a “dourar mais essa pílula”, tal como muitas que já douraram durante seus dois mandatos. Em uma completa inversão de valores, chegou-se ao ápice do Presidente do Madureira, em entrevista no ano passado após mais uma derrota – dessa vez, para seu clube em seu estádio, justo o adversário e local de nossa próxima partida – oferecer apoio ao Vasco! Notem bem: o MADUREIRA ano passado OFERECEU APOIO AO VASCO! Quando na ocasião, o mesmo Presidente do clube suburbano chegou a oferecer jogadores de seu clube caso o Vasco tivesse interesse em levá-los! Talvez, “com pena” do Vasco, na época!

Confesso-lhes que domingo, quando estive em São Januário, eu considerei até o placar como “mentiroso”. Tão “mentiroso” quanto foram outras vitórias em outras épocas contra times do mesmo quilate, em que jogávamos absolutamente nada, mas ainda assim, vencíamos. Vencíamos porque a camisa prevalecia, porque São Januário prevalecia, porque a torcida prevalecia, incentivava, acreditava, e os jogadores sabiam do peso da camisa no qual representavam, de forma que essa sinergia levava tais ocasiões a terem o universo vascaíno e todo o clima favorável conspirando ao nosso favor. Hoje, se jogarmos somente o “mais ou menos”, tendemos a empatar ou a perder; e se jogarmos relativamente de forma correta, como foi de uma forma geral no último domingo, ainda assim a derrota é possível. Queiramos encarar ou não, mas a realidade é essa. E fugir dela, sinceramente ao meu ver, é mais um dos desserviços prestados ao clube. Nesse momento, em especial, em que estamos à procura de nossa própria identidade, outrora perdida.

Fadados ao fracasso

Em especial de minha parte, agora já levando para um aspecto no qual eu já me convenci faz MUITO tempo, não espero mais NADA de bom da atual gestão Roberto. A sensação que tenho é que, coloquem quem quer que seja no clube, as coisas sob batuta do ex-craque da camisa 10 (maior goleador do clube como jogador e “perna-de-pau” como Presidente) não acontecem. E pior: ao invés de avançarem pouco ou simplesmente estagnarem, regridem. A mim, não me restam dúvidas de que trata-se de uma gestão DE FRACASSADOS em relação a Vasco.

Podem ser que muitos dos que lá estão sejam muito bem sucedidos em suas vidas particulares, como empresários e até mesmo homens de bem, mas no Vasco que é o que me importa não prosperaram, “não deram liga” no clube. Tiveram o apoio de todos, da mídia inclusive, e ainda assim não foram capazes de fazer o clube voltar à sua real grandeza. E se o papo no primeiro mandato era o reflexo da “herança maldita” (será tão “maldita” assim, hoje, comparado ao que irão nos deixar?) do ex-Presidente, essa culpa nesses últimos três anos é EXCLUSICAMENTE DELES TODOS.

Na verdade, a contagem é pelos dias que ainda eu, particularmente e creio que a parcela majoritária de nossa torcida, ainda terei que aturar não somente ao próprio Presidente, quanto seus pares, “ao leme” de nosso clube. Sobre esse PÉSSIMO legado que será deixado, mais à frente comprometo-me a me aprofundar mais, entretanto desde já, externo minha preocupação para com o próximo Presidente (não tenho sequer candidato nesse momento a apostar, prova que nosso futuro também é MUITO preocupante!) e o que ele virá assumir. Muito PIOR do que as dívidas é a inexpressividade de nosso clube, que começou sua decadência institucional sob comando do ex-Presidente (que poderá retornar ao poder COM APOIO de Roberto!) e que “salta aos olhos” agora, inclusive aos olhos de quem não é vascaíno.

“Lágrimas de São Januário” (Fonte:http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=221640)

Detalhe: Fernando Calazans, assim como Renato Maurício Prado, é mais um fidedigno representante da Flapress a desserviço do Vasco ao longo de seu histórico. O que aparentemente é “chocante” para essa gente sobre Vasco, em meu pensamento é MUITO RUIM para o Vasco.

A última vez

No próximo sábado, dia 1º de março, coincidentemente com o aniversário de nossa cidade, Rio de Janeiro, será completado ONZE ANOS de nossa última conquista da Taça Guanabara, frente ao Flamengo, em um jogo realizado em um sábado à tarde, no Maracanã. Tal fato pode ser relembrado (já que é o que nos resta, em face de mais um ano sem essa conquista!) visualizando ao vídeo abaixo.

“Campeonato Carioca 2003 – Final da Taça Guanabara – Vasco 1×1 Flamengo – ESPN Brasil” –[youtube LYCdG4QcjGs]

Showball e Beach Soccer

Parabéns a ambas as equipes, que SEM APOIO da diretoria (até dou graças a DEUS, pois se houvesse apoio da mesma, capaz de não terem conseguido tais feitos!), conquistaram títulos importantes no domingo! Em especial, à equipe de Beach Soccer, onde o Vasco em 2011 já tinha sido o PRIMEIRO CAMPEÃO MUNDIAL do torneio, e no último domingo, sagrou-se DE FORMA INVICTA O PRIMEIRO CAMPEÃO CARIOCA, frente ao Flamengo, que desfalcado dos árbitros complica EM MUITO sua missão de nos derrotar!

"Os gols de Vasco 5 x 3 Itaboraí pela final do Campeonato Carioca de Showbol" http://globotv.globo.com/sportv/showbol-sportv/v/os-gols-de-vasco-5-x-3-itaborai-pela-final-do-campeonato-carioca-de-showbol/3168186/ 

"Invicto, Vasco bate Flamengo e leva título do Carioca de futebol de areia"http://globoesporte.globo.com/eventos/futebol-de-areia/noticia/2014/02/invicto-vasco-bate-flamengo-e-leva-titulo-do-carioca-de-futebol-de-areia.html

Deixando saudades…

Estava terminando de escrever esse texto quando soube, através do SuperVasco, do falecimento de mais um ícone de representatividade vascaíno na mídia esportiva. Tive o prazer de, em 2011, conhecer pessoalmente ao grande radialista, Loureiro Neto, titular do programa “Papo de botequim” da Rádio Globo e no qual, sempre que eu podia, era seu ouvinte, isso desde muitos anos atrás. E, ao conhecê-lo pessoalmente, me deparei com uma pessoa que, em seus olhos, sentia o brilho quando falava sobre temas como carnaval, Portugal (descendente de família portuguesa, tal como quem lhes escreve!) e Vasco, em especial. Tal como recentemente Jorge Nunes, outro radialista vascaíno que nos deixou, Loureiro vai deixar a mim, em especial, MUITAS SAUDADES, de seu vascainismo na mídia, inclusive. Pena somente que ambos presenciaram, mas não verão o retorno novamente do Vasco à Primeira Divisão do futebol brasileiro, lugar que JAMAIS deveria ter saído uma vez sequer.

"Em nota, a Rádio Globo divulgou uma homenagem ao radialista, descrito pelos colegas como "o mais carioca dos portugueses":

“Loureiro nasceu em Portugual, mas adotou e foi adotado por Copacabana. Conhecia os bares, os garçons, os jornaleiros, os porteiros e peladeiros. Loureiro era da praia e do futebol. Vascaíno apaixonado, foi referência e criou escola de como fazer uma cobertura esportiva. Ele era da praia, da bola e do samba. Mangueirense, foi presidente de ala na verde e rosa e um defensor das tradições e do bom carnaval. Loureiro foi o mais carioca dos portugueses”. " (Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/02/morre-no-rio-o-radialista-loureiro-neto.html )

SIGA EM PAZ, "HOMEM DA BOINA!" E OBRIGADO, POR TUDO!

“Toques finais”

1º) Muitos devem estar se perguntando, ao final desse referido texto, o porquê não toquei no nome de Adílson Batista nem uma vez, até então. Sinceramente, desanimei em falar sobre Adílson Batista e sobre suas concepções, dentre elas, a filosofia COVARDE até mesmo contra equipes de menor investimento e suas escolhas PÍFIAS tanto na escalação (a atuação fraca de Jomar no último domingo foi por culpa DO TÉCNICO, também!) quanto nas trocas no decorrer da partida. Para mim e ele que trate de me provar o contrário para que eu venha aqui e ter o PRAZER de dizer que eu estava errado, fica evidenciado que dificilmente chegaremos à alguma conquista com ele ao comando desse time, excetuando a Série B, que para mim seja qual for o técnico, É OBRIGAÇÃO do clube.

2º) Não creio que o Vasco tenha a melhor equipe do futebol carioca – passa BEM LONGE disso, mas frente ao paupérrimo nível técnico do referido certame, também não creio que não tenhamos sequer time para nos classificar, deixando o Botafogo com seus reservas ou mesmo uma equipe pequena tomar uma vaga que DEVE SER NOSSA.

3º) A rigor, temos uma “espinha-dorsal” a ser amadurecida, com Martín Silva, Rodrigo, Aranda, Guiñazu, Douglas e Edmílson. Temos garotos promissores, tais como Luan, Jomar, Thalles e o próprio Montoya a serem amadurecidos, mas que possuem qualidade. Temos outros jogadores a completar o time, que se não são craques (LONGE disso!), estão na média da parte majoritária dos clubes do futebol brasileiro, inclusive. Falta além de rodagem, uma melhor filosofia de trabalho, maior imposição nossa perante os adversários, incluindo preparação física, que há tempos É DEFICIENTE na comissão técnica de nosso elenco, a julgar mais uma vez pelos últimos vinte minutos do confronto do último domingo, quando faltou fôlego para um “pressing” final diante do adversário.

4º) Temos quatro jogos contra os adversários considerados “pequenos”, sendo três deles em São Januário, além de um clássico regional contra o Fluminense, ao final desse turno. Mesmo considerando tal retrospecto recente contra equipes dessa envergadura, é OBRIGAÇÃO (mais uma!) do Vasco classificar-se às semifinais do referido certame. Por questão de DIGNIDADE A SI MESMO, acima de tudo.

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