Que respeito é esse?

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Em primeiro lugar, gostaria de agradecer-lhes pela paciência na espera pelo lançamento de meu texto semanal. Felizmente entre tantas tarefas cotidianas que agrego em minha vida pessoal e profissional, dificilmente deixo de conseguir um tempo para escrever sobre Vasco, embora tenha estado muito triste e indignado, não só pelo momento histórico no qual vivemos, como também pelas declarações que são dadas e por algumas atitudes que são tomadas pelos que deveriam ser mais responsáveis pela condução de um clube da grandeza da história do nosso.

Como também fico apreensivo pelo que há de vir dentro de poucos meses. Na verdade, caio cada vez mais na desesperança de que algum fato novo seja criado, e alguém que cause uma ruptura nessa polarização entre os nomes sempre citados de Roberto e Eurico possa aparecer e dar nova luz até aos vascaínos que já perderam a fé por dias melhores.

Mas o que me chamou atenção e por isso, também, que posterguei a publicação de meu escrito semanal foi uma declaração dada, ontem, por nosso atual mandatário. Em entrevista concedida ao site Globoesporte.com (fonte: http://www.supervasco.com/noticias/dinamite-afirma-ter-resgatado-respeito-do-vasco-e-comenta-sobre-eleicao-203925.html ), Roberto (Presidente do Vasco) afirmou, dentre outras coisas:

“Tenho defeitos e errei. Mas não me arrependo de nada do que fiz como presidente. Uma das conquistas que tive foi recuperar o respeito da instituição Vasco da Gama. Hoje o clube vive uma democracia”.

Sinceramente, na hora parei com o texto no qual estava escrevendo, mais focado na partida em que ganhamos, até com certa facilidade, do Atlético-GO no último sábado. Que pode não ser ninguém em representatividade no futebol brasileiro no todo de sua história, mas que é o atual campeão do estado de Goiás, portanto, digno de respeito. 

Assim como tem que haver aos outros clubes (que pelo Vasco, DEVEM TER MEDO em substituição ao “simples” respeito), por mais fracos que sejam, nessa famigerada série B. Se não houver respeito, entrega e atitude por nossa parte – dons triviais que não faltaram no (mais uma vez) injustiçado esvaziado estádio de São Januário no último sábado, tropeços poderão vir, e uma competição MUITO FÁCIL do Vasco levar poderá se complicar.

Retornando, então, às palavras de nosso Presidente, um tanto arrogantes sob uma análise mais crítica. É bem verdade que Roberto possa não ter feito a reflexão necessária para admitir seus (muitos) erros e do grupo que lhe apoiou durante anos, razão pela qual ele diz, de forma categórica e sem se colocar no sofrimento da imensa torcida vascaína, que “não se arrepende de nada”. Realizado, então, uma comparação paralela, o Brasil vive numa chamada “democracia”, desde 1986, mas de que essa tal “democracia” vale se temos problemas seríssimos com segurança, saúde, educação, moradia, corrupção entre outros males mais que atormenta a milhões de brasileiros por esse país afora? Será que só a recompensa da “democracia” era só o que esperávamos pelo fim do regime opressor?

Evidente que direitos inalienáveis como liberdade de expressão são importantes para qualquer entidade: seja ela um país, um estado, uma cidade, um bairro, em uma reunião dos condôminos de onde moramos ou, nesse caso, um clube de futebol. No entanto, alguns recentes exemplos sob a gestão do Presidente Roberto são capazes de contradizer, até mesmo, ao que ele chama de “resgate da democracia”.

1º) Em seus últimos três anos de mandato, o clube esteve com seu Conselho Deliberativo sob a Presidência de Abílio Borges, uma pessoa que ficou durante meses e meses sem marcar reuniões pontuais em seu presidido conselho, afora as reuniões previstas em estatuto do clube. Como consequência, vários assuntos que era para ser debatidos foram sendo acumulados, ou simplesmente, “engavetados”. Como crer em um clube dito voltando a ser democrático com práticas dessa natureza, em que seus próprios conselheiros eleitos e natos se vêm impedidos de exercer a construção de ideias através do debate como exercício democrático?

Aliás, e sendo muito sincero, o que dói no vascaíno, além dos erros cometidos, foram os acertos que deixaram de acontecer por puro e simples fato da falta de debates. Só para citar como exemplo dentre outros: duas comissões de reforma do estatuto foram formadas; uma sucumbiu, e a outra apresenta um resultado que tende a ir pelo mesmo caminho. Quantas vezes suas propostas foram abertas para debate à exaustão em assembleias do referido Conselho, em especial, presidido por Abílio Borges? Mesmo não sendo conselheiro, posso lhes dar uma resposta que se aproxima do muito pouco, pra não dizer quase ou simplesmente nenhuma.

2º) Em 2011 pouco antes das eleições daquele período, um outdoor exposto por um grupo de vascaínos em frente ao estádio de São Januário fora retirado, segundo muitos, por ordem da diretoria dita pelo seu próprio Presidente como responsável pela volta da mesma “democracia”. Ainda na matéria, Frederico Lopes – então, VP de Patrimônio e que hoje apoia a candidatura do ex-vereador Roberto Monteiro intitulando-se oposição (apesar de Roberto Monteiro ainda ser VP desse mesmo pífio Conselho Deliberativo), comentou a respeito de uma suposta cláusula censurando qualquer manifestação advinda de grupos políticos aos arredores do clube, o que, segundo a mesma matéria, foi logo desmentido em contato feito com o representante da empresa contratada para exposição do outdoor.

Candidato à presidência acusa diretoria de censura  (fontes:http://www.espbr.com/noticias/candidato-presidencia-acusa-diretoria-censura-indique-para-amigo e http://www.lancenet.com.br/minuto/Candidato-presidencia-diretoria-Vasco-censura_0_467353275.html )

Sob seu discurso do suposto “resgate do respeito”, refleti por alguns momentos. Pensei nos dois rebaixamentos para a segunda divisão; na inexpressividade do Vasco junto aos órgãos de Justiça e nas federações; na assinatura de um TAC muito mal formulado proibindo a São Januário de realizar clássicos regionais até 2016; na relegação de nosso mesmo estádio – terceiro maior da capital fluminense – quando no fechamento do Engenhão em abril do ano passado e a humilhação de São Januário ser preterido pelo estádio da Cidadania, em Volta Redonda, para as finais do campeonato carioca; nos confrontos diretos contra nosso arquirrival que pelos frios números da Matemática apontam em dez derrotas contra somente três vitórias em seis anos de Roberto à frente do clube; do não cumprimento de pagamentos a jogadores e a credores (dentre eles, Romário e a Receita Federal, que gerou ao clube bloqueio sobre seus recebíveis de um ano aproximadamente) dentre outros exemplos que poderia citar aqui como de desrespeito ao clube, à sua história e à nossa torcida.

No entanto, citarei quatro exemplos de como o Vasco, durante esse tempo, fora visto por entidades e até mesmo pelos adversários, historicamente, menos expressivos do que nossa marca.

1º) “MP divulga fotos e juíza compara base do Vasco a escravidão” (fonte:http://forum.lolesporte.com/viewtopic.php?f=6&t=4423 ). 

Tal reportagem gerada algumas semanas somente depois de um triste fato que mancha a história de um clube que sempre prezou pelo coração infantil:

“Jogador sub-15 morre durante treino no CT do Vasco em Itaguaí” (fonte:http://globoesporte.globo.com/futebol/times/vasco/noticia/2012/02/jogador-sub-15-do-vasco-morre-durante-treino.html).

2º) “Criciúma, sobre o interesse em Lucca: 'Vasco não paga nem conta de luz” (fonte:

http://www.lancenet.com.br/vasco/Diretor-Criciuma-interesse-Lucca-Vasco_0_793720763.html).

O fato que gerou essa citação por parte do dirigente do clube catarinense foi noticiado na época e gerou discussão tipo “jogo de empurra” sobre de quem seria a responsabilidade por mais essa vergonha: o então VP de Finanças e hoje candidato à Presidência Nélson Rocha ou o então VP Jurídico Abílio Rouxinol.

“Corte de água no Vasco gera discussão entre dirigentes” (Fonte:http://www.lancenet.com.br/vasco/Corte-Vasco-gera-discussao-dirigentes_0_777522242.html).

3º) Conselheiro do Botafogo alfineta o Vasco: 'Bom freguês' (http://www.futnet.com.br/futebol/noticias/?276221-conselheiro-do-botafogo-alfineta-o-vasco-bom-fregues).

4º) Presidente do Ceará reclama do Vasco: 'Esse time quebrado acha que aqui tem idiota' (http://odia.ig.com.br/portal/ataque/vasco/presidente-do-cear%C3%A1-reclama-do-vasco-esse-time-quebrado-acha-que-aqui-tem-idiota-1.578141).

Vou ignorar as declarações do Sr. Rubens Lopes, pois uma federação que trata um de seus maiores filiados da forma como sabemos não merece o mínimo de credibilidade. Porém desse órgão no qual o vascaíno quer distância, relembremos os descalabros das arbitragens e dos males causados à instituição, cuja compilação dos “erros” encontra-se em meus textos a seguir:

“Responsáveis pela VERGONHA do futebol” (fonte:http://www.supervasco.com/colunas/responsaveis-pela-vergonha-do-futebol-2866.html ).

“Faz parte do futebol?” (fonte: http://www.supervasco.com/colunas/faz-parte-do-futebol-2969.html).

Por fim e para não estender-me mais (poderia comentar mais, ainda, sobre o abandono dos cuidados básicos com nosso próprio patrimônio, por exemplo), em recente matéria publicada na coluna “Olhar crônico esportivo” do portal Globoesporte.com, percebe-se a total discrepância em relação ao que o Vasco recebe de cotas de TV com relação a seus rivais diretos, inclusive Atlético-MG, que mesmo tendo uma massa de torcedores apaixonada não se trata de uma torcida de penetração nacional, tal como o Vasco é. Partilha de valores essa baseada em supostas pesquisas não questionadas pela diretoria do Vasco, que fora por sinal, em 2011, uma das que apoiaram a implosão do Clube dos Treze e, dali em diante, a essa desigualdade toda que, com o tempo, poderá levar o Vasco e outros à condição secundária, senão terciária em grandeza comparada com outros clubes.

“Desequilíbrio marca o futebol brasileiro em 2013” (http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/olhar-cronico-esportivo/post/desequilibrio-marca-o-futebol-brasileiro-em-2013.html).

Fica, então, a pergunta para nosso Ilmo. Presidente Carlos Roberto Dinamite de Oliveira:

QUE RESPEITO É ESSE QUE O SENHOR CONSEGUE ENXERGAR QUE DEVOLVEU AO NOSSO CLUBE, APÓS SEIS ANOS DE SUA GESTÃO?!

“Toques finais”

1º) Sobre Vasco 3 vs 0 Atlético-GO: mesmo não tendo assistido ao jogo, dois acontecimentos são dignos de registro positivo: o primeiro é a utilização da “prata da casa” vascaína, Yago e Marquinhos, em substituição a Reginaldo e William Barbio, esses dois totalmente desnecessários no elenco. O segundo é a paixão de um grupo de torcedores que, mesmo não podendo entrar no estádio, torceram em paz de frente ao portão principal do clube. Ambos registros são retratos do Vasco que dá certo e que poderá nos devolver a real grandeza do clube, se bem trabalhados, com o tempo.

2º) É triste somente pensarmos que jogadores como Luan, Thalles, Yago e Marquinhos poderão ser negociados para fechar a conta de um clube para pagar aos Nei, Renato Silva, Sandro Silva dentre outros responsáveis pela tragédia de 2013, além dos mais de seiscentos funcionários do clube.

3º) Vasco possui uma equipe de executivos bem remunerada, e nem assim é capaz de publicar um balanço em prazo estipulado pela lei. Quem vai pagar por isso?

4º) É bom que se deixe claro que, se todas essas críticas e apontamentos são feitos em presente texto, bem como a “sombra” da volta do ex-Presidente e as páginas policiais para onde a marca Vasco voltou a constar devido aos supostos “mensaleiros”, é por culpa exclusiva da atual diretoria que um dia apoiamos como forma de resgatar o verdadeiro respeito ao clube que nosso Presidente não consegue enxergar em seu mundo de fantasias. Mostraram-se TODOS tão incapazes ao ponto de estarmos preocupados com a “herança maldita” e com quem serão os próximos “herdeiros” da mesma, nos próximos três anos.


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