O descontrole psicológico é somente um dos fatores que, dentro de campo, ajuda a justificar o péssimo rendimento do Vasco no certame brasileiro 2015. Há, evidente, outros aspectos a serem levados em conta – fora de campo em especial, mas o que chama atenção é o pensamento derrotista com que esse time vem disputado seus jogos, principalmente ao tomar o primeiro gol do jogo. Nesse momento, tudo desaba e tal como nas antigas prorrogações por morte súbita, é como se naquele instante o jogo estivesse, de fato, encerrado. Pois, psicologicamente, para o Vasco se encerra, infelizmente.
Postura essa totalmente diferente do mesmo time na Copa do Brasil. O que se viu quarta-feira foi o inverso do que vem sido normal para o mesmo em pleno Brasileirão. Talvez pela folga de um gol conquistada na primeira batida, e dali em diante a sensação de que, mesmo tomando um gol, ainda assim o placar agregado estaria – como esteve – empatado. Prova dessa teoria poderia ser comprovada (ou não) se o adversário fizesse mais um gol, e dali em diante a necessidade de, aí sim, ter de buscar o empate no placar agregado dos dois jogos.
Seja por qual motivo for, deve-se trabalhar a cabeça ainda mais desse grupo nesses últimos dezoito jogos. Mostrar-lhes que uma partida possui noventa minutos, e não somente um gol. Fazer-lhes compreender que a maioria dos jogos é decidido na meia hora final, ou muitas vezes até mesmo nos momentos finais.
De frente às urgentes necessidades de vitória, o que o Vasco menos precisa nesse momento é de medo. Há de se não deixar dominar por conta do medo de levar um gol e depois não ter forças para reagir. Muito pelo contrário: a coragem demonstrada pelo time nos últimos dois jogos da Copa do Brasil é que devem servir de referência para as próximas dezoito decisões. Numa sinergia com a torcida que ainda acredita, ir em busca das vitorias e, se preciso for, das viradas com a coragem referenciada. Pois se por um lado o medo do rebaixamento existe, por outro só a coragem e o desafio da superação para iluminar o rumo de uma caravela à beira do naufrágio.
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Uma das conquistas de Jorginho há poucos dias no clube foi a clara definição dos onze principais, trazendo confiança, segurança e minimizando os riscos antes causados pela instabilidade. Riscos esses assumidos pelas observâncias em torno das ações de Doriva e Celso Roth, logo a seguir.
A estrutura em nomes é semelhante e quase totalitária do time campeão estadual. Se ainda falta qualidade, pelo menos há um mínimo de conjunto nessa formação. Ainda assim, as entradas de Nenê e de Jorge Henrique dão a perspectiva de um horizonte menos desanimador.
Falta, no entanto, um homem-gol. Sente-se, agora, a falta que faz Gilberto, artilheiro do clube na temporada preterido por Celso Roth sob conivência da diretoria amadora. Resta-nos dois caminhos ao meu ver: efetivar e dar moral a Thalles, ou se buscar a solução na série B. Nesse segundo aspecto, fica como sugestão o nome de Ronaldo, goleador de 24 anos do Ituano. Bom cabeceador e ávido por uma chance num clube grande. E que possui credenciais que o validam como aposta, ao contrário dos contratados Erick Luís e Romarinho, por exemplo.