ELAS & O PROFESSOR
POR LUIZ CARLOS ROCHA
A entrevista de setembro de 2020, com Lívia Maria Amaro Prates, é dedicada à uma vascaína, que será a minha eterna fonte de inspiração: Úrsulla Rocha.
LÍVIA PRATES, Professora de Educação Física com MBA em Gestão e Marketing Esportivo, moradora de Copacabana, casada com o atleta de natação Mauro Brasil, na qual têm 2 filhos: João (8 anos) e Marina (1 ano), têm 40 anos, sua Escola de Samba do coração é o Império Serrano, do signo de Aries. Chegou ao Vasco da Gama em 2004, trazendo toda a equipe de natação consigo, pois era técnica da Seleção Brasileira da modalidade paraolímpica na época, só saiu em 2010 para ser comentarista em uma emissora de TV por assinatura. A ex-coordenadora de esportes paraolímpicos curte degustar um bom strogonoff, e nas horas vagas aprecia a companhia dos filhos e do marido, muitas vezes no clube, é claro. É tanto amor ao Gigante da Colina, que considera São Januário seu segundo lar!
O Vasco da Gama é hoje o principal clube carioca em termos de investimento em esportes paralímpicos?
Se você tivesse me perguntado antes de 11 de maio, não hesitaria em dizer que sim, mas por conta da pandemia e de todos os problemas financeiros que já sabemos, hoje não mais, porém estamos voltando aos poucos. A natação já voltou a treinar em São Januário que era uma necessidade imediata por conta de prestação de contas do Bolsa Atleta, e estamos conversando sobre a recontratação dos profissionais bem como a volta das outras modalidades.
Dos esportes paralímpicos qual o mais vitorioso representado pela bandeira vascaína?
O futebol de 7 é pentacampeão brasileiro, invicto, com goleadas sonoras. Porém a natação é onde temos resultados individuais mais expressivos, temos atletas campeões mundiais, recordistas parapanamericanos. É uma briga boa entre as duas modalidades.
Quando começou a sua paixão pelo clube?
Confesso que nunca liguei muito para futebol, sempre estive muito presente nos esportes amadores, mas entre 1998 e 1999 fui como estudante de educação física trabalhar em eventos internacionais de natação no Vasco, era a época de altos investimentos do Vasco em esportes amadores, se algum atleta amador falasse que não tinha vontade de defender o Vasco era mentira. Dali já veio o fascínio pelo clube. Em 2004 fui convidada pelo Prof. Ricardo de Moura a trazer a minha equipe de natação (convencional) para somar no clube, fui contratada como técnica de mirim/ petiz e infantil. Começou um convívio no clube, comecei acompanhar tudo que tinha o Vasco envolvido, desde Futebol de botão (Futebol de Mesa) até o Futebol profissional, daí em diante essa paixão só cresce, vejo isso diariamente projetado nos meus filhos
João e Marina (filhos) aprenderam amar o Cruzmaltino sozinhos ou teve influência sua?
Não foi preciso ensinar (sorriu). O Vasco é a extensão da nossa casa. O João nasceu em 2012, entrei em trabalho de parto dentro do clube, ele veio um pouco antes do esperado. Muitas vezes amamentei na borda da piscina, em reuniões do Departamento de Infanto-Juvenil, meu Vice-Presidente da época (José Pinto Monteiro), sempre me deixou a vontade para leva-lo. Mas amar o futebol sem dúvidas foi o pai, Mauro Brasil, o responsável.
O que você espera do Gigante da Colina em 2021?
Um clube bem administrado, com dividas acordadas de modo que possamos ter de volta as certidões negativas (de débito – CND), o que é de suma importância para a sobrevivência dos esportes amadores. Um clube que passe credibilidade para atrair investidores para o futebol, porque se o futebol profissional estiver bem, o clube todo respira.
O futebol (de campo) está começando a ter resultados?
Claro. Não me considero uma entendedora de futebol, mas todo ano falo a mesma coisa: agora vai (sorriu novamente).
A cobrança pelo sucesso no Vasco é maior do que em outros clubes?
Sou uma das que mais cobra resultados, o Cruzmaltino não pode entrar para perder, se for para ser coadjuvantes prefiro não levar. O Vasco é time para estar no pódio sempre! Não digo que tenha que ganhar tudo – bem que eu queria – mas tem de ser competitivo.
A torcida faz a diferença para o atleta?
Sem dúvidas, mas para nós do paralimpico nunca conseguimos mobilizar torcidas em nossas competições, contudo, os familiares e amigos já fazem muita diferença. Vide o futebol profissional jogando nessa época de pandemia no estádio vazio.
O clube de São Januário penetrou mais na alma da Torcedora Lívia ou da Profa. de Educação Física Lívia Prates?
Juro que não sei responder. É uma mistura louca, não sei mais como separar, a possibilidade de não estar diariamente no clube me deixa atordoada. Acho que a torcedora se tornou uma professora que com o dia a dia passou a torcer absurdamente mais.
Em 2000, na Paraolimpíadas, de Sydney, na Austrália, o Vasco da Gama teve 30% da delegação brasileira. Você acha que o clube poderá voltar a investir neste patamar em competições futuras?
Acho pouco provável. O esporte paralimpico ganhou muita concorrência entre os clubes sociais. Hoje é rentável manter uma modalidade paralimpica, ou de esporte amador convencional. Se souber fazer o uso das leis de incentivo fiscal e principalmente se a entidade for filiada ao CBC ou CBCP (COMITÊ BRASILEIRO CLUBES PARALÍMPICOS). Tenho certeza de que todas as modalidades que tivermos, teremos uma boa representatividade nas respectivas seleções brasileiras.
As eleições, em novembro, é uma injeção de ânimo na busca por dias melhores?
Sempre, sou otimista. Para frente é que se anda.
Qual o melhor atleta paraolímpico que já viu defendendo a camisa cruzmaltina? Por qual razão?
Caramba! Essa pergunta é um golpe baixo. Foram oportunidades diferentes, focos diferentes. Porém, não tenho como deixar de apontar para o Mauro Brasil, pois foi o carro chefe para chegarmos onde chegamos. Vascaíno fanático, sempre colocou o clube em primeiro lugar, são 2 medalhas paralimpicas, o recorde parapanamericano nos jogos do Rio em 2007, foi o momento mais marcante da minha carreira como técnica de natação paraolímpica. Um divisor de águas para o nosso projeto, foi pendurar a bandeira do Vasco ao lado da bandeira do Brasil na vila do PAN. Marco importantíssimo para a fundação do Departamento no Clube.
FOTOGRAFIAS FORNECIDAS PELA ENTREVISTADA.