A atitude de Emerson Sheik, na partida entre Botafogo e Bahia, no Maracanã, na noite de 17/09/2014, pelo depressivo campeonato brasileiro pode até ter sido fora de ocasião, mas não deixa de ser uma Voz de Desabafo de grande parcela dos torcedores brasileiros que não aceitam mais as coisas como estão sendo tocadas pela CBF, um grande público que não aceita esse produto que Globo, PFC, CBF e Federações querem empurrar goela abaixo dos fãs de futebol.
Emerson Sheik exteriorizou toda a revolta do Bom Senso FC, todo o sentimento de nojo dos torcedores do Botafogo, do Vasco, do Palmeiras, do Santos, do Grêmio, do Inter, do Cruzeiro, do Atlético Mineiro, do Fluminense e parcela de ex-dirigentes do São Paulo FC, mais especificamente o lúcido Juvenal Juvêncio, traído por Carlos Miguel Aidar. Aidar traiu a linha política do São Paulo de luta e combate à “espanholização” do futebol brasileiro, promovida pela Globo, com a chancela da CBF, quando defendeu a entidade, que nos levou ao 7 x 1 para a Alemanha, no escandaloso caso da Portuguesa.
Nesse imbróglio todo o Vasco tem papel pífio limitando-se a se indignar sempre depois que é prejudicado, mas não se fazendo representar e se impor perante a FFERJ, CBF e a Globo.
A Globo, como detentora exclusiva das cotas de TV, tem papel essencial em tudo o que está acontecendo no futebol brasileiro, pois continua a estimular as velhas práticas da CBF e das Federações, quando deveria se aliar às reinvindicações do Bom Senso FC, que pugna por um calendário melhor para todos os clubes (pequenos, médios e grandes).
A saída para o futebol brasileiro é a criação das Ligas A e B, totalmente independentes, com a CBF ficando encarregada de cuidar das séries C e D, e da Seleção, que, aliás depois do 7 x 1 e do 3 x 0, precisa de muita atenção, senão não iremos à Rússia, ou se formos, depois de passar por uma repescagem, jogaremos apenas 3 partidas da fase de grupos. O nível da Arbitragem só melhorará com a profissionalização e o aumento do nível de exigência, tendo como consequência o afastamento até mesmo definitivo por mau desempenho e erros gritantes. Numa Liga onde todos se fazem representar não há espaço para favorecimento a determinados times, em função da necessidade de contínuo sucesso para render mais audiência.
Na realidade que o futebol brasileiro precisaria abraçar as ligas negociariam os direitos comerciais de TV, naming rights das competições, pacth na manga das camisas, e definiriam um calendário melhor, inclusive com pausa para excursão à Europa, Ásia e América do Norte, para internacionalizarem suas marcas, e os próprios campeonatos nacionais que disputam.
Os critérios seriam parecidos com os da Premier League Inglesa ou da Bundesliga. Exemplo: Dos 100% das cotas de TV, 50% seriam divididos pelos 20 clubes; Dos outros 50%, seriam destinados 25% ao mérito/desempenho na competição (ordem de classificação na tabela define o percentual a que cada clube tem direito), e 25% seriam distribuídos considerando audiência, e aí Flamengo e Corinthians teriam que comprovar pontuação de audiência superior aos demais para receberem as maiores cotas, e não como é hoje.
Com pagamento de cotas considerando o mérito poderíamos ter motivação até o final do campeonato, pois um clube em 13º lugar, dependendo da combinação de resultados, poderia chegar ao 8º lugar caso vencesse seu jogo final, e assim aumentaria o seu percentual de receita, e prêmio aos seus jogadores. Imaginem se a vitória viesse sobre o líder do campeonato ou definisse um rebaixamento?! Agora acrescentem a isso o retorno das vagas para a Copa Sul-Americana! Teríamos um campeonato interessante, equilibrado, e de motivação até os acréscimos finais dos jogos da última rodada, em todas as partidas, pois todos estariam brigando por algo (título, mérito, audiência), e ninguém estaria cumprindo tabela. E os estádios estariam bem mais ocupados pelas torcidas! Isso é competição viável, isso traz retorno financeiro e atrai mais investidores, inclusive de fora! Oferta de bons contratos de publicidade e produto com credibilidade atraem melhores investidores.
Com essas mudanças, e mais uma reforma da Lei Pelé que promova e estimule, novamente, o investimento em categorias de base, livre da ação predatória de empresários inescrupulosos, nossos clubes voltariam a revelar novos camisas #10, novos camisas #9, #7, excelentes meias, e ainda atrairiam melhores jogadores sul-americanos, mexicanos e até europeus.
Com esse investimento todo aquecendo os campeonatos o público volta, técnicos novos, com curso, surgirão trazendo novos conceitos. Seria o recomeço do futebol brasileiro, o surgimento de um novo ciclo vitorioso, justamente o oposto ao do 7 x 1 e da mesmice de mais de 90% do estilo superado em que jogam os times brasileiros.
Podem acreditar que dá certo, porque no Futsal já é um sucesso. A Liga Futsal Brasil é um exemplo de competição que mantém a Seleção Brasileira de Futsal no topo do ranking mundial há anos!
O que falta então?! Falta a TV Globo, os clubes e seus dirigentes, o Governo Federal e o Congresso aprovarem a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Bom Senso FC, e a CBF se reunirem para conversar e compor seus interesses partindo da premissa que do jeito que está não pode ficar ou a galinha dos ovos de ouro vai morrer! E, em 10 a 20 anos novos “Américas” surgirão no futebol brasileiro se nada for feito agora! As Ligas Nacionais e Regionais são imprescindíveis para a evolução do futebol brasileiro.
Ah, você deve estar pensando: Ele esqueceu da Justiça Desportiva! Esqueci não! Esses Tribunais são Templos da Vaidade exacerbada de seus Auditores, que produzem julgamentos políticos, e se acham Magistrados Togados. Ocorre que quando há uma Liga, há também um regulamento bem mais claro e bem elaborado, e esses Tribunais funcionam bem melhor porque a conversa se dá com os dirigentes da Liga e não mais com a CBF e as Federações.
O Futebol brasileiro está muito chato e previsível, deficitário e decadente! A Hora de mudanças é agora! Mãos à obra!
Marcus Simonini Ferreira
Editor do Blog Incondicionalmente Vasco!