Apesar do susto, prevaleceu no fim a lógica: diante de nossa torcida, o Vasco conseguiu mais uma vitória no último sábado e segue firme em sua trajetória rotineira – agora, são trinta e um jogos invictos, e se passar pelo Oeste nessa terça-feira, chegará a sete meses sem perder. Mais do que isso, segue firme em seu propósito de fazer com que essa grande "procissão" da série B vire uma rotina de trinta e oito treinos oficiais até nosso retorno triunfal à série A. E, mais uma vez pois nunca é demais pontuar isso, que seja pela ÚLTIMA VEZ em nossa gloriosa história.
Um jogo totalmente atípico no segundo tempo do que estamos acostumados a ver em relação a esse time do Vasco. Em que pese o rival ser o Esporte Clube Bahia – clube que, assim como o seu arquirrival Vitória, historicamente dá muito trabalho ao Vasco para derrotá-los – o Vasco virtualmente havia resolvido o jogo logo no primeiro tempo. Com os dois a zero e jogando um futebol ofensivo, com bom toque de bola e convicto de suas capacidades, ninguém poderia imaginar outro resultado que não fosse mais uma vitória naquele momento.
Só que o futebol possui os imponderáveis que fazem com que, muitas vezes, jogos que se tornaram fáceis se tornem, em questão de minutos e até mesmo de segundo, novamente complicados. É bem verdade que o Bahia possui pelo menos dois jogadores de linha que caberiam no plantel de qualquer equipe da série A, inclusive, ou pelo menos na maior parte delas: Renato Cajá e Thiago Ribeiro (esse segundo, então, seria titular FÁCIL e poderia, inclusive, ser o atacante goleador que tanto o clube busca no mercado da bola), além de um jovem técnico promissor, que já foi inclusive campeão carioca em nosso clube ano passado. Que, inteligente como é, ajudou a mudar o panorama do jogo no segundo tempo, fazendo mexidas providenciais e lançando o time por inteiro para a frente. Aliás, era a única coisa que ele poderia fazer naquele momento: tentar agredir uma das melhores defesas do futebol brasileiro.
E, nesse momento, surge a figura do imponderável. Em que pese as mudanças muito bem executadas por Doriva no time baiano, tenho convicção comigo de que, se não fosse a falha clamorosa de nosso jovem goleiro Jordi, não haveríamos tomado aquele primeiro gol, que fez muito mal à toda equipe, muito mais pelo aspecto psicológico do que,propriamente, pelo número em si. Pois Jordi, até pouco tempo, era (e ainda o considero) um tanto imaturo, ao ponto de não lhe ser confiável de forma plena a concessão da responsabilidade por substituir Martín Silva, esse um dos grandes goleiros em atividade no futebol sulamericano hoje. E, com isso, toda aquela mesma sensação de instabilidade passada por Jordi a todo o grupo de uns meses atrás retorna à tona, ficando de lado, infelizmente, as boas atuações obtidas por ele, Jordi, nos jogos recentes anteriores. Não há dúvidas para mim que esse gol mexeu com o psicológico do setor defensivo, e os mesmos homens de uma defesa segura passaram a não se entender muito bem até o final do jogo. Foi assim no gol de empate e no terceiro gol da equipe baiana também. E se não fosse nesse momento após o gol de empate o MAIOR camisa dez do futebol brasileiro atualmente, Nenê, estar campo para decidir o jogo, provavelmente teríamos cessado a série invicta de maneira muito amarga nesse último sábado.
Mas lógico que outros fatores chamam a atenção no sentido de prever eventuais problemas e já antever possíveis soluções para esse time durante o transcorrer dos jogos, à medida que novos desafios vêm chegando. É certo tal como a água é imprescindível para nossa vida que os posteriores adversários hão de vir motivados a derrotar o time que é a sensação do futebol brasileiro, mesmo estando na série B. Além disso, a tendência é que adversários, na certeza do "não" já garantido, busquem o "sim" da vitória diante do Vasco, passando a não respeitar nosso time em certos momentos e, em especial, se atrevendo mais quando exercerem seus mandos de campo. Para times com média de idade mais jovem do que o nosso, a tendência será, muitas vezes, forçar uma correria para cima de nossa defesa e meio de campo, que somente conta com um único marcador nato. E é nesse ponto que quero chegar em meu comentário, com uma proposta para rever essa situação.
O time do Vasco possui um meio de campo envelhecido, em que somente Marcelo Matos é o cabeça de área de origem. Júlio dos Santos não é marcador, aliás sendo bem sincero, na maior parte dos jogos não é absolutamente nada: entra para dar um passe preciso uma vez ou outra – tal conforme resultou em nosso primeiro gol diante do Bahia – e para fazer figuração na maior parte do tempo de jogo, ocupando espaço e nada mais. Quando Nenê e Andrezinho atuam juntos, conseguem através da técnica e do passe imporem seus ritmos, e controlar as ações do meio de campo, deixando a bola longe de nossa defesa e o time adversário a ter de marcar e se preocupar com os dois. Possuem o suporte de Jorge Henrique, que deixa de fazer número no ataque muitas vezes para dar "um gás" a mais no meio de campo e não sobrecarregar os demais veteranos (detalhe: Jorge Henrique é mais um veterano). Consequentemente nesse desenho de jogo, teremos sempre um atacante isolado, seja quem for, e vez ou outra estando longe de seu habitat para dar combate (ou, ao menos, tentar dar) no meio de campo. O que nos sobra é uma concentração muito grande de jogadores no meio de campo para resguardar a falta de maior juventude e de maior poder de marcação, em detrimento do ataque, cuja dupla atual quase não marca gols e sobra a missão para que Nenê e Andrezinho resolvam essa questão.
Para grande parte da torcida do Vasco, ainda há o agravante de pedir pela manutenção no time de Yago Pikachu, esse um duplê de Wagner Diniz misturado com Diego, pois parece ser tão bom no apoio quanto o primeiro e tão ruim defensivamente quanto o segundo. Nessa configuração tática, então, reforça para mim a ideia de se abrir mão de um dos jogadores "apoiadores" de meio de campo e se lançar, de fato, um cabeça de área efetivo, para que o próprio Pikachu, também, seja beneficiado com maior resguardo defensivo e liberdade para que ataque, tal como fazia no Payssandu. Uma alternativa seria a entrada simples de Diguinho ou até mesmo desse jovem recém-chegado, William Oliveira, em detrimento de Bruno Gallo, esse sim, mais uma vez um completo desastre em mais uma chance lhe dada esse ano.
No entanto, a proposta de mudança não pára por aí. Mais uma vez, ficou provado que Thalles, nesse momento, não é o camisa nove que precisamos (e que desejamos). Enquanto esperamos por esse tão sonhado centroavante para nos trazer a confiança necessária em uma trajetória de vitórias, também, na Copa do Brasil, quem sabe sonhando até com o título dessa competição, uma alternativa seria, tal como Cristóvão fez em 2011 com Diego Souza, fazer o mesmo com Nenê: "empurrá-lo" para a condição de atacante e lançar um meia mais jovem ao lado de Andrezinho, no meio de campo, ou até mesmo dar espaço para a entrada de Fellype Gabriel nesse setor, pois dependendo de suas condições físicas, possui boa técnica e versatilidade ao nível de merecer, ao menos, ser testado como opção útil para esse time.
Dessa forma, uma projeção de time titular já com a implementação dessa proposta de mudança seria: Martín Silva; Yago Pikachu, Luan, Rodrigo e Júlio César; Marcelo Matos, Diguinho (ou William Oliveira), Fellype Gabriel e Andrezinho; Jorge Henrique e Nenê. Teoricamente, com o problema de falta de marcação latente em alguns momentos resolvido para confrontos mais pesados no futuro; com uma solução alternativa para encaixar usufruir do poderio ofensivo de Yago Pikachu no time; com um bom entrosamento já de meio campo, pois três desses quatro sugeridos já jogaram juntos (e foram campeões) pelo ótimo time do Botafogo em 2013; e com uma opção para que sinta-se o menos possível os efeitos da falta de um centroavante goleador através de um modelo já empregado no passado, em situações semelhantes.
Fica a proposta, então, à pauta para debates futuros, críticas, elogios e sugestões!
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– Hei de concordar com meu companheiro Zeh Catalano, um dos idealizadores do site "Panorama Vascaíno": em seu texto dessa última segunda-feira, o citado articulista menciona a falta de visão dos dirigentes brasileiros em colocar jogos importantes dos campeonatos das séries A e B em mesmo dia e horário da maior decisão de futebol entre clubes no mundo, que é a decisão da UEFA Champions League. Uma vez ao ano somente, com bilhões de pessoas a assistir, inclusive, torcedores de clubes com jogos marcados no mesmo dia e horário, sinceramente, soa à fata de bom senso;
– A adequação da categoria estatutária "Sócio-Geral" ao plano de sócios Gigante "Amor Infinito" leva a quem quiser aderir ao benefício da meia-entrada paga em arquibancada a pagar mais 25 reais aproximadamente por mês de mensalidade, já que essa adequação só vale para os benefícios de meia-entrada na cadeira social. Em contrapartida, um estudante vascaíno que queira ir de arquibancada pode realizar a compra da mesma, com sua simples carteirinha de estudante, mesmo sem ser sócio, beneficiado pela lei estadual. A pergunta que fica: onde está o benefício dessa compatibilização para o sócio estatutário, se o maior atrativo do plano é a possibilidade nos descontos com ingressos comprados para os jogos? O porquê do retrocesso, já que no plano "O Vasco é meu" (muito criticado, por sinal, pelo Presidente atual e seus apoiadores) previa a meia-entrada em TODOS os setores do estádio, ao contrário do atual?
– E ainda, sobre marketing: por que tão poucas placas de publicidade do plano "Gigante" nos contornos do campo que não é preenchido por nenhuma placa externa de publicidade? E por que da não-divulgação nos intervalos dos jogos? .
– Para finalizar, da série "perguntar não ofende": em quantos mil sócios cadastrados no plano "Gigante" já possuímos? Gostaria de ouvir, sinceramente, essas explicações dos Srs. Marco Antônio Monteiro e Marcus Duarte..