No dia 02 de setembro de 2015, um certo time de futebol levara uma das mais vexatórias goleadas envolvendo um confronto entre dois clubes com camisas de expressão em território brasileiro.Naquela noite em pleno Gigante da Beira-Rio, Jordi, Serginho (Bruno Ferreira), Luan, Rodrigo, Christianno, Guinazú, Júlio dos Santos, Nenê, Andrezinho (Riascos), Jorge Henrique, Rafael Silva (Lucas) junto com a comissão técnica comandada por Jorginho assessorado por Zinho escrevia não somente uma das páginas mais tristes de toda a história do clube, como também ajudavam a afundar ainda mais na zona de rebaixamento um clube cujo seu time, até então, só havia feito míseros treze pontos em vinte e três jogos decorridos da competição. Não é preciso dizer que, em face à goleada sofrida e aos números apresentados, tirar essa camisa de uma nova queda para a segunda divisão tornara-se uma das mais inglórias tarefas para qualquer debutante.
Muitos já davam o grupo como desacreditado, a tragédia como fato consumado. O articulista que lhes escreve, inclusive. Não haveria mais o que fazer, a não ser minimizar ao máximo aquela horrorosa campanha, ao ponto de que uma nova queda viesse com o menor vexame possível. No entanto, aquele mesmo grupo iniciou, uma semana depois e após nova derrota, desta vez, contra o Atlético-MG em pleno Maracanã por 2 vs 1, diante da Ponte Preta uma campanha de recuperação que permitiu a um grupo já dado como rebaixado a possibilidade de chegar – à última rodada da competição – com chances matemáticas de escapar do que era, até então, tido como fato consumado.Posso até ser mais ousado e mais lúcido ao lhes dizer que, ainda assim dadas as circunstâncias amplamente desfavoráveis, não fossem pontos preciosos deixados pelo caminho fruto exclusivo de subtração das arbitragens (contra Cruzeiro, Chapecoense, Avaí e São Paulo, por exemplo), o que era considerado impossível teria se transformado na mais surpreendente consumação de uma reação espetacular advinda de um time que representa um clube da envergadura que só mesmo uma camisa do Vasco é capaz de fazer.
Mas então, o que mudou? Daquele time que levou de seis para o Internacional para o que quase consumou com êxito a fuga para a série B em 2016, eram quase todos os mesmos jogadores. Luan, Rodrigo, Júlio dos Santos, Nenê, Andrezinho, Jorge Henrique e Riascos, ao lado de Martín Silva que não estava em campo naquela ocasião, constituíram e constituem (ainda) a espinha-dorsal do grupo. Foram capazes de proporcionar a maior das tristezas e a quase surpreendente reação de tamanho proporcional à tal tristeza causada. O que há nesse hiato, ao meio dessa bipolaridade? Ou melhor, o que houve?
Um grupo não se forma somente no papel. Olhar para a escalação de um time e ser simplista o suficiente ao ponto de julgá-lo fadado ao sucesso ou ao fracasso por conta de uma fria escalação é querer que um jogo de futebol real seja tal como nos jogos RPG, tal como Brasfoot ou Championship Manager. Há muita coisa envolvida, entre elas, emoções e pensamentos. Um time seja ele qualquer, não necessariamente somente de futebol, pode não ser o melhor, mas pode se mostrar o melhor a começar pelo seu próprio pensamento. Pode ser que um grupo não esteja tecnicamente à altura de seus oponentes, mas até que ponto essa diferença técnica justifica uma campanha vexaminosa ao ponto do que foi mostrado até a vigésima terceira rodada daquele certame? E o que mudou no grupo para que os mesmos passassem a ser responsáveis por uma das mais belas reações e por uma campanha de recuperação de time de ponta nas últimas quinze rodadas?
Além de uma troca eventual de alguns jogadores que não mais rendiam, a substituição de um pensamento derrotista por um espírito vencedor. Um grupo se faz forte quando pensa que é capaz, quando acredita que é possível. Quando deixa de lado tudo o que as pessoas lhe apontam como de pior e passa a crer que o seu melhor é o que vale. Quando crê na proposta, no projeto, na vitória. Quando a autoestima lhe joga pra cima em detrimento da depressão e, lógico, pelo amadurecimento desse pensamento vencedor em perfeita comunhão com mais treinos, mais entrosamento, melhor encaixe. Alguns desse mesmo grupo que compõem essa espinha dorsal chegaram no decorrer da competição e, até o jogo diante do Internacional, não possuíam entrosamento suficiente. Outros estavam bem abaixo do que poderiam produzir, e voltaram a jogar bem mais do que vinham demonstrando. À regência desse novo-velho grupo, outrora muitos desses já campeões cariocas daquele ano, alguém que não se curvou à obviedade, que acreditou na recuperação e que jamais se rendeu: Jorginho.
Passados mais de seis meses diante da, até então, última derrota diante do Fluminense em pleno 01 de novembro de 2015, mais uma vez os números comprovam essa metamorfose, nã tanto de nomes, porém, mias de pensamentos: 25 jogos invictos, 18 jogos de invencibilidade no certame carioca, uma Taça Guanabara e um bicampeonato carioca INVICTO (hexacampeão invicto). Para os mais honestos, um tricampeonato, haja vista que o Vasco venceu em 2014, mas a arbitragem favorável ao clube do "roubado é mais gostoso" não permitiu. ÚNICO clube GIGANTE do Brasil ainda invicto em 2016. Cinco vitórias e três empates em oito clássicos locais. UMA ÚNICA DERROTA nos últimos trinta e sete jogos, e outras vitórias mais que poderiam ter vido com um pouco menos de sujeira da arbitragem, na reta final de 2015. Um triunvirato defensivo dos melhores do Brasil (Martín Silva, Luan e Rodrigo), dois dos melhores armadores que jogariam FÁCIL em muitos clubes DE SÉRIE A (Andrezinho e Nenê). Faltam peças importantes, mais jovens inclusive, o que não é suficiente para provar que um grupo vencedor não possa sair das cinzas e renascer para a vitória, mesmo que essas cinzas sejam um fruto da pior cremação possível…
A coroação de um trabalho se faz por título e, consequentemente, por reconhecimento. A um grupo de liderança forte, dentro e fora de campo, com pensamento renovado e espírito vencedor, que aprendeu a sofrer e cresceu sob pressão por resultados o tempo inteiro, todo meu reconhecimento. Foram fortes, se mostraram fortes… Foram e se mostraram comprometidos o tempo inteiro pela proposta de trabalho, pelo objetivo, pelas metas a serem cumpridas, portanto, são dignos de vestirem a camisa do Vasco. A primeira das três grandes metas do ano já foi cumprida, agora, passou. Há outras duas bem mais importantes, com todo o respeito que o título do campeonato carioca representa em termos locais. Entretanto, tem-se de se cumprir, agora, a OBRIGAÇÃO de se devolver o clube, mais uma vez, para a posição que JAMAIS poderia ter saído, e encarar a Copa do Brasil como nossa verdadeira série A de 2016, rumo a um possível retorno triunfal à elite e às grandes disputas internacionais em 2017.
Jorginho e Zinho, uma dupla que faz um trabalho IMPECÁVEL! Nem o Cruzeiro com todo seu dinheiro foi capaz de seduzi-los a largar mão de uma casa que lhes acolheu e que acreditou em seus ideais profisisonais. A esses dois, uma saudação especial: o primeiro jogou no arquirrival mas sempre se declarou vascaíno, tendo suas maiores alegrias como jogador de futebol profissional aqti no Brasil conquistadas pelo Vasco, em 2000. Ao segundo, não jogou nem se declarou Vasco, mas tal como Renato Gaúcho, haverá a possibilidade de um dia se despedir do clube sob lágrimas e ao mesmo discurso de que "foi o melhor clube que já trabalhou", tal como o ex-atacante fez em maio de 2007. Independentemente do valor de seus trabalhos, fossem eles os responsáveis por um desempenho tal como o renomado técnico Edgardo Bausa obteve no São Paulo durante o campeonato paulista de 2016 haveria, com certeza, torcedor do Vasco os rotulando como "mulambos", e atribuindo à diretoria a culpa direta pelo fracasso dessa dupla.
Dá pra sonhar? Depende do prisma de observação cada vascaíno. Aos que preferem olhar para baixo e ver que esse grupo tomou de 6 pro Inter há longínquos mais de oito meses sob outras circunstâncias, não. Aos que preferem olhar para a reação demandada por esse grupo e ainda crer que o autoengano não tomará de assalto mais uma vez e que reforços virão para encorpar ainda mais um grupo que já é vencedor, sim, é possível. Afinal, o que é ser mais uma vez campeão para quem está se reacostumando a disputar e a vencer? Qual é o custo de se resignar com o pessimismo: se for o mesmo que sonhar com plataformas mais elevadas, que me levem, então, até o último andar dessa, mas que me permita sonhar, pois afinal, não custa nada e é o primeiro passo para conquistas ainda maiores!
Deixemos de lado todas as vaidades politicas, todas as divergências com nosso Presidente, tudo o que pode levar-nos a não querer enxergar a realidade. O Vasco RESSURGE, mais uma vez! E com todo o respeito ao América-RJ, mas para um clube que passou a fio grande parte dos anos da década de XXI, se até hoje não somente não quebrou e ainda nos permite sonhar com futuro bem melhor, é porque não há de quebrar. JAMAIS!
#EU ESCOLHI APOIAR! E é nessa que eu vou…
@mscmariotti