Amigos,
Tenho visto recentemente uma série de questionamentos sobre eleição eletrônica e sobre sua segurança. Muita gritaria, muitas ilações e dúvidas sendo lançadas… Mas certezas e sensatez é algo raro nos debates. Me permitam compartilhar um pouco do meu conhecimento, após mais de 30 anos de trabalho nessa área e já tendo no currículo o comando da área de redes e segurança da informação da maior franqueadora da América Latina na época e trabalhado junto ao TRE-RJ como suporte de TI nas urnas eletrônicas, atualmente trabalhando com desenvolvimento de inovações tecnológicas na área de TI aplicada à Teoria do Conhecimento.
Os textos que circulam na internet levantam questões até certo ponto simples, que nem de longe tocam em métodos mais complexos de invasões. Afirmar que a eleição do Vasco corre risco de fraude por ser eletrônica e online é algo pueril, em minha opinião. Somente para se ter uma pequena ideia disso, se formos entrar apenas no campo das possibilidades, lembro que o sistema eletrônico utilizado pelo TSE (a famosa “urna eletrônica”) não é 100% seguro, sendo isso já admitido no passado pelo próprio TSE, inclusive comprovado em testes por especialistas da UnB. Entretanto, o sistema está em pleno uso ano após ano.
Então porque o TSE continua usando o sistema e não há questionamentos fortes contra ele?
Se formos avaliar a questão de forma sensata, ponderada e analítica, o que temos que questionar nesse caso seria: É possível fraudar? Sim. Mas, houve alguma fraude? Bom, aí é que entra o problema: quais registros de fraudes existem nas urnas do TSE? Alguma eleição foi anulada por fraude? Mais ainda: Alguém acredita que não houve tentativas de fraudes? Alguém acredita que não houve partidos e peritos tentando de todas as formas achar algo que pudesse anular eleições passadas onde os resultados não foram favoráveis a seus interesses?
Tendo feito essa pequena análise analógica, voltemos ao Vasco: Seria possível burlar o sistema da empresa que realizou a última AGE do Vasco? Obviamente que sim! Mas, o que realmente interessa perguntar não é isso, e sim: ele já foi burlado? Houve alguma fraude nas diversas eleições que eles já realizaram, incluindo-se aí sindicatos, ONGs, Instituições Públicas e Privadas?
Aprendi ao longo de minha vida que nenhum sistema eletrônico é 100% seguro. O que se faz no mundo inteiro é aumentar a segurança a um ponto que o custo de tempo/dinheiro para rompê-la seria tão alto que inviabilizaria o ato.
Obviamente eu me alinho as preocupações de segurança, até porque minha experiência não me permite afirmar o contrário. Mas desacreditar um processo que veio justamente para acabar ou ao menos minimizar as velhas práticas de fraudes em votações manuais, no papel, é no mínimo algo reprovável. Quem perde com isso não é o procedimento eletrônico e nem a empresa que o realiza, mas sim a nossa instituição, justamente aquela que temos que defender contra os fraudadores.
Sabemos muito bem como são as práticas eleitorais em nosso clube! Na última eleição, a chapa vencedora só foi homologada porque a justiça conseguiu identificar uma fraude (a famosa “urna toda nossa”, lembram?). Se não fosse a decisão da justiça, Eurico Miranda teria vencido de forma fraudulenta, com toda a “segurança” do voto de papel que se propala hoje na internet!
Eleições no Vasco não são algo simples e muito menos em conformidade com as boas práticas. Temos um sistema que está em seus estertores lutando para sobreviver, e até passar por cima de decisões judiciais nós estamos tomando conhecimento pelas mídias. Se formos listar todas as possibilidades de fraudes do processo em papel, como é hoje, não tenho dúvidas que são muito mais graves e reais do que as possibilidades listadas para a opção eletrônica.
Mas então o que fazer? Chegaremos então a conclusão que não se pode realizar eleições no Vasco só porque há possibilidade de fraude em qualquer sistema que seja implementado?
Não creio que devemos chegar a esse ponto. Temos que buscar sim o procedimento que for mais intolerante a fraudes!
Atualmente, tendo em vista a experiência eleitoral em nosso país e no Vasco, em particular, posso afirmar sem medo de errar que o melhor para nós vascaínos é o voto eletrônico e online. Mais ainda em tempos de pandemia, onde aglomerações, em particular com pessoas idosas, não é recomendável (e grande parte dos eleitores vascaínos são maiores de 50 anos). Você jovem, gostaria que seu pai ou sua mãe fosse votar em um ambiente cheio de hooligans encostando em seus pais, colocando as “pragas” (adesivos) e gritando perto deles, podendo estar contaminados? Alguém aqui acha isso razoável?
Portanto, polemizar o voto eletrônico e online é, em minha opinião, um ato lesivo aos interesses do nosso clube. Pensemos nisso antes de criticar o sistema, até porque, se ele é tão inseguro assim, porque ninguém ainda conseguiu fraudar as eleições passadas, incluindo a última AGE?
Enfim, vamos em frente. Acho que o momento é de baixar a poeira e se encontrar talvez não a melhor solução, mas a solução possível. Aprendi, em todo o tempo que trabalhei em TI, que o ideal é inimigo do bom. Fazer “o bom” no Vasco já está muito difícil… Imagine o ideal!
E que Deus nos ajude a que o melhor para o Vasco seja o vencedor no final disso tudo, seja ele quem for.
André Pedro
Empresário e Especialista em TI e Inovações Tecnológicas.