O que você pensa ser o Vasco?

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Amigos leitores,

A situação do Vasco no Brasileirão 2015 é desesperadora. Como sair dela? Como evitar um novo rebaixamento? Dois rebaixamentos já eram inadmissíveis e sabíamos que levaria anos para superar… Mas um terceiro em menos de 10 anos? O que fazer?

 

Este artigo resume uma proposta de discussão que venho alimentando nas redes sociais que participo. Minha proposta de discussão é algo que nós, vascaínos, precisamos refletir e passar a discutir seriamente, sem preconceitos e com inteligência: independente do lado partidário que você vascaíno possua, seja a favor da atual administração, seja contra ela, é muito importante que passemos a entender de uma vez por todas que respeito não se impõe: se conquista! Me permita explicar:

 

Sem querer entrar na questão de ser favorável ou contra o Eurico, é fato inegável para todos que acompanham futebol, e em especial o Vasco, que ele (Eurico) sempre teve um “estilo” prepotente e beligerante. Isso é inegável e inclusive tido como positivo por muitos que o admiram. Existe uma frase famosa que diz que “se você não pode ser amado, que seja então temido”… Analisando com mais profundidade essa frase, minha opinião é que essa afirmação trata-se de uma grande bobagem e, certamente, uma “desculpa” forjada por quem não sabe como ser amado, ou melhor ainda: Respeitado!

 

E o que isso tem a ver com o Vasco? Tudo! Veja: Muitos afirmam que o Vasco hoje carece de uma boa administração. Especialistas em futebol afirmam que o clube carece de um bom time. Eu afirmo que o clube carece mesmo é de RESPEITO!

 

Sim! RESPEITO! Vou exemplificar: o time do Vasco no jogo de sábado (22/08/2015) contra o Goiás, na derrota por 3×0, foi “garfado” por uma arbitragem tendenciosa, que removeu todas as chances de reação com dois pênaltis que JAMAIS seriam marcados se fosse o Flamengo ou o Corinthians jogando, e dois jogadores que JAMAIS seriam expulsos se fossem desses dois clubes… Não estou entrando na discussão se foram marcações corretas ou não – deixo isso para os especialistas, já que vi defensores de ambos os lados entre os comentaristas esportivos, nas redes sociais e entre meus amigos próximos. Também creio ser óbvio que a arbitragem não justifica a derrota, pois o time do Vasco atualmente é sofrível. Mas também creio ser óbvio que pelo menos eles (jogadores do Vasco) entraram em campo com disposição, e sabemos que disposição e um fator psicológico positivo fazem muita diferença no futebol, por vezes superando até deficiências técnicas e táticas! Ora! Se o árbitro destrói o que poderia fazer uma diferença favorável ao Vasco durante o decorrer da partida, as consequências para o time são as piores possíveis… E foi o que vimos ontem…

 

Mas então vem a pergunta: Por quê o arbitro apitou de forma tendenciosa? Foi algo intencional?

 

Eu creio que não! Para mim, foi algo que vai além de algo que possamos dizer que foi intencional.

 

Voltemos então a uma das palavras chave deste artigo: RESPEITO! Nosso clube hoje vive uma crise muito maior do que a maioria dos torcedores pode imaginar… Vivemos uma grave e profunda crise de respeito! Como eu disse acima, “Respeito não se impõe! Se conquista!”. E como se faz essa conquista?

 

Minha formação e meus estudos sobre o assunto me deixam claro que respeito só se solidifica na mente das pessoas através de ações positivas… Jamais por ações deletérias! Ações firmes, mas positivas, fazem com que tanto seus seguidores como seus inimigos te respeitarem. Ações deletérias, ditatoriais, prepotentes ou agressivas fazem somente com que seus seguidores tenham medo de você e que seus inimigos te odeiem. Não há uma situação de respeito neste último caso! Pode até surgir uma situação de “idolatria”, mas respeito é algo muito diferenciado de idolatria. Hitler, por exemplo, foi idolatrado, mas nunca respeitado – ele se impôs pela força e pelo ódio comum que seus seguidores sentiam. Gandhi, ao contrário, foi respeitado tanto pelos seus seguidores como por seus inimigos, com posicionamentos firmes e convicção inabalável, sem o uso de ações negativas ou deletérias. Citei dois extremos muito fortes, mas apenas para ilustrar de forma inequívoca o que estou tentando explicar.

 

Mas quero ir um pouco além….

 

O Vasco sofre de uma crise que se estende por mais de uma década, com administrações que não entenderam que o Vasco é uma MARCA, e que esta marca possui um valor agregado!

 

Zamenhof afirmava que sua criação no século XIX, a Língua Internacional, possuía uma “Ideia Interna“. Podemos afirmar sem sombra de dúvida que o Vasco também possui algo parecido! A Ideia Interna do Vasco é de difícil condensação em poucas linhas, mas, de forma resumida, podemos afirmar alguns pontos: O primeiro é que somos uma instituição que não se alia ao sistema imposto pela classe e/ou instituições dominantes – sempre fomos firmes em seguir nosso destino. O segundo, e que se alinha com o primeiro é que o Vasco não possui preconceitos, sejam eles de religião, classe social, cor da pele ou qualquer outro tipo. O terceiro, e não menos importante, é a qualidade que nos obrigamos a ter que alcançar para nos impormos perante nossos rivais, seja pelos nossos atletas diferenciados, seja pelo nosso patrimônio que foi conseguido a custa de muito suor e união dos sócios, seja pela forma como administramos o clube, que foi considerada pioneira durante a maior parte do século XX. Nossa história de glórias foi marcada por competência! Não podemos manchar essa história!

 

Os três pontos acima possuem uma coisa em comum: Não precisamos em momento algum “brigar” contra o “sistema”. Ao contrário: Nossas ações firmes, sem ceder um milímetro, se impuseram pelo exemplo e isso gerou respeito, não apenas pelos vascaínos, como também pelos adversários! Cito como exemplo a famosa “Resposta Histórica” de 1924, onde reproduzo um trecho fantástico de como fazer a coisa certa:

 

Estamos certos de que Vossa Excelência será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno de nossa parte sacrificar, ao desejo de filiar-se à Amea, alguns dos que lutaram para que tivéssemos, entre outras vitórias, a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923 (…) Nestes termos, sentimos ter de comunicar a Vossa Excelência que desistimos de fazer parte da AMEA“.

 

O Vasco não foi agressivo, prepotente e nem arrogante. Foi FIRME! Apenas isso! Respeito não se impõe! Se conquista, com firmeza de caráter!

 

E por que estou chamando isto a atenção? Porque essa Ideia Interna está sendo esquecida e deixada no passado, graças a anos e anos de administrações que não se importaram com isso. Uma prova disso? Responda sem pestanejar: Qual administração nas últimas décadas podemos afirmar que trabalhou os conceitos acima expostos, seja em ações administrativas, seja em ações de marketing, de forma clara e inequívoca para os sócios e fans do Clube de Regatas Vasco da Gama, de modo a que essa Ideia Interna tenha se solidificado em nossa memória?

 

Quanto teremos que voltar muito no tempo para responder essa pergunta?

 

Para se fazer algo novo, não se pode continuar fazendo o que está acostumado a fazer. O Vasco precisa de algo novo, pois do jeito que está o clube se tornou inviável. Não estou afirmando que devemos tirar a administração atual (Eurico) do poder no Vasco! Retirar ele para colocar outro administrador que nos conduza ao mesmo lugar que estamos não resolverá! Estou falando de algo muito mais profundo! O Eurico é o menor dos problemas e um reflexo apenas do pensamento que o colocou no poder… É preciso mudar a forma de pensar e administrar o Vasco para se adequar à “ideia interna” que nossa instituição possui. Precisamos (todos que estão lendo este artigo, não apenas torcedores, mas também os sócios do clube), compreender que o Vasco não pode mais continuar com esse tipo de administração que tivemos nas últimas décadas. Precisamos resgatar nossa Ideia Interna. E para fazer isso, não dá mais para repetir os erros que estamos cometendo há anos! Precisamos de algo novo! Precisamos mudar! Chega de pensar pequeno! O Vasco não suporta mais e precisa resgatar o que ele foi no século XX e o que nossos antepassados fizeram pelo clube! Se eles conseguiram transformar um clube de remo local em uma potência esportiva a nível internacional, não foi mero acaso! Eles também buscaram o novo, o pioneiro, para a época em que viveram! Eles pensaram grande!

Estádio de São Januário logo após sua inauguração. Ainda não havia a curva que forma o "U" característico do Estádio.
Estádio de São Januário logo após sua inauguração. Ainda não havia a curva que forma o “U” característico do Estádio.
Que esse (provável) rebaixamento em 2015 seja então um divisor de águas na mentalidade da Nação Vascaína! E que, se o Vasco conseguir se livrar do rebaixamento (o que todos nós torcemos fervorosamente), que ao menos esse tormento que nós estamos passando não seja esquecido ao final do campeonato e que também se torne um divisor de águas, pois não podemos continuar vivendo do “quase”! O Vasco foi concebido, construído e destinado para as glórias! Jamais para se apequenar e se contentar com pouco…
Amigo vascaíno! Pense nisto! O futuro do clube não está em pessoas, sejam elas da atual administração, sejam elas da oposição! O futuro do Vasco como instituição está em como poderemos resgatar essa Ideia Interna do Vasco. Esse é o caminho. Pessoas qualificadas o clube tem em profusão! Mas é preciso dar um norte às ideias daqueles que irão administrar nosso clube! Um novo rumo, moderno, sensato e eficiente, tal como nossos antepassados fizeram! E ele terá que ser trilhado o mais rápido possível, ou não teremos outro destino que não seja o desaparecimento.
Saudações Vascaínas!

 

1 thought on “O que você pensa ser o Vasco?

  1. Eurico Miranda, com aquele logo do SBT no Manto Vascaíno, na final do Brasileiro de 2000, cometeu um dos atos mais lesivos que um dirigente pode fazer contra seu clube (e eu não vou me esquecer disso! – http://www.netvasco.com.br/news/noticias15/76943.shtml). Foi o avesso do Marketing Esportivo com sérias consequências financeiras, as quais o Vasco está pagando a conta até hoje! Cometeu um dano gravíssimo ao patrimônio imaterial e intangível do CRVG, digno de punição severa, na forma do Estatuto do Clube!

    Eu detesto a Globo, e quem me conhece sabe da minha luta contra a espanholização, e do meu combate a essa empresa manipuladora da opinião pública, mas sei que não se pode brigar com ela da forma como Eurico fez, e ele já reconheceu isso no link acima.

    Eurico Miranda, com seu pensamento padrão norte-coreano, atrasado, angariou antipatias, rivalidades e sabotagem de todos os lados da imprensa contra a Instituição CRVG. Transformou uma Instituição democrática numa Coréia do Norte do Futebol Brasileiro, e isso não fica impune.

    Eurico Miranda, desde 2001, com seu pensamento arcaico, transformou São Januário, um belo e histórico estádio, num ALÇAPÃO! Me desculpe, mas nós temos um E-S-T-Á-D-I-O, o qual deveria ser fonte de receita, não de despesa. Não temos um alçapão. NÃO SOMOS TIME DE ALÇAPÃO, que pensa, disputa e privilegia os campeonatos da FFERJ!!! Esse estádio clama por modernização e atenção, o que não pode ser entendido como conservação e manutenção, que são obrigações estatutárias de qualquer Diretoria do CRVG, através da VP de Patrimônio.

    O que Eurico vem fazendo em conservar e recuperar o patrimônio do Vasco é um dever! Dever que Dinamite descumpriu e que merece igualmente uma punição, por também ter lesado o CRVG! Mas no Vasco, já há uns 15 anos, ninguém audita ninguém, ninguém cobra responsabilidade alguma de ninguém e por isso o clube está do jeito que está, ou seja, quebrado.

    Eurico segue sendo a mesma pessoa prepotente, das mesmas práticas deletérias, e segue apequenando o Vasco.

    Se as chances de queda à série B são, hoje, de mais de 90%, e sabendo que a série b leva a dois caminhos: série A e série C, aonde o Vasco vai parar sob essa direção, e com a enorme dívida para pagar?!

    Tenho muito medo do futuro do Vasco, e não vejo motivos para ter esperança numa reação, numa renovação, numa mudança que nos leve a dias melhores, com essa diretoria.

    E por isso que reafirmo: O texto do blogueiro Garone, do Lancenet, é o que mais reflete a triste realidade de nossa Paixão:

    http://blogs.lancenet.com.br/garone/o-rebaixamento-do-vasco/

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