FÉ, e nada mais…

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Apesar
de conhecermos os limites do time atual do Vasco, todos contavam com o fator
casa para que saíssemos do Maracanã, ao final de uma rodada plenamente
favorável em que, mais uma vez, nossos concorrentes diretos nessa luta inglória
para fugir do descenso perderam pontos preciosos em seus jogos. E o que não
faltou foi incentivo, motivação, força e fé passados pela torcida que, num
gesto digno de uma torcida de um clube GIGANTE, lotou o Maracanã, esgotou os
ingressos (apesar dos problemas que comentarei adiante) e “carregou nos ombros”
esse time. E nem entrega por parte dos jogadores que arrancaram forças até de
onde pareciam que não tinham para romperem com suas próprias limitações. Mais
uma vez, o que faltou é algo que, nesse caso, a torcida infelizmente não pode
lhes dar que é a qualidade técnica necessária.

Infelizmente,
no entanto, por mais que aceitemos que o time do Santos seja mais bem preparado
e qualificado do que o nosso, não há vascaíno que eu conheça que tenha ficado
feliz com o resultado, em que pese o fato de termos saído momentaneamente da
zona de rebaixamento, o que para nós não significa absolutamente NADA tendo em
vista a sequência complicada de confrontos no qual teremos até o fim desse,
para nós, interminável certame. Não somente pela posição dos adversários na
tabela e pela qualidade técnica de cada um deles (alguns, MUITO superior à
nossa, como são Cruzeiro e Grêmio), mas pelos dados que são incapazes de nos
transmitirem maior otimismo. No atual campeonato, por exemplo, em uma sequência
de cinco jogos, o máximo que o Vasco conseguiu ganhar foram sete pontos. Nessa
última sequência, a contar do Grêmio até o último confronto, precisamos obter
NOVE pontos de quinze possíveis. Missão árdua para um time que sequer goleiro
possui.


Considerando
dois jogos em casa e três fora dessa última sequência de cinco jogos, contando
somente o fator campo e excetuando a qualidade técnica do campeão Cruzeiro,
poderemos até, pelos meandros surpreendentes que só um esporte como o futebol é
capaz de nos proporcionar, obter seis pontos de seis que serão disputados. O
problema é: como conseguir obter três pontos jogando contra Grêmio (mesmo em
decadência técnica e mal arrumado, é um dos times classificados à Libertadores
nesse momento), Corinthians (nossos confrontos diante desses, por pior que o
oponente paulista esteja, costumam ser dolorosos e, na maioria nos últimos
tempos, nos trouxeram resultados sofríveis) e Atlético-PR (em que pese que
possa jogar fora de Curitiba e já classificados ou não para a Libertadores, ainda
assim, é mais bem trabalhado e qualificado do que o nosso time)? Por essas
argumentações, repito que o empate contra o Santos (bem como tantos outros
pontos já perdidos em casa durante a competição) estão LONGE de nos traduzir em
um resultado aceitável, mesmo que seja plenamente compreensível em face à
obviedade da diferença técnica entre Vasco e Santos, hoje.


Novo técnico, velhos erros


Em
parte, esse empate obtido pelo Vasco e que seria uma derrota não fosse o apoio
da torcida do Vasco pode ser justificado já na escalação do técnico Adílson
Batista e, posteriormente, em suas substituições ao longo do jogo. Mais uma vez
e por menos que aceitemos, fica difícil ter um jogador como André, MUITO MELHOR
do que Reginaldo, no banco de reservas, perdendo lugar para o mesmo citado. Por
sinal, somente por obra do destino que nos veremos livres desse peso (mais um!)
que o elenco possui.


Quando
na saída de Juninho, inexplicável que Jhon Cley, mais uma vez, tenha sido o
preferido a entrar no time, tendo a possibilidade do recuo de Marlone ao
meio-campo (sua posição de origem) e o imediato lançamento de Willie ao ataque,
ao lado de Edmílson. Willie, por sinal, que era para ser o escolhido, ao menos,
para entrar no segundo tempo, ao invés de Bernardo, fora de sua melhor forma
física, técnica e alienado em campo por falta de ritmo de jogo.


E
como sofrimento pouco parece ser bobagem para os técnicos que, por algum
motivo, insistem em escalar certos jogadores que NADA produziram até então,
Adílson acena com a possibilidade de escalar Nei IMPROVISADO na
lateral-esquerda diante do Grêmio, nessa noite, em pleno campo do adversário,
ocasião em que, na ausência de um jogador para esta posição no elenco (Henrique
está lesionado), poderia optar por um esquema 3-5-2, colocando Willie para
compor como ala-esquerda e dois cabeças-de-área na marcação para liberá-lo,
junto com Fagner, ao apoio ofensivo.


Infelizmente,
Adílson Batista recusa-se a seguir suas próprias convicções, ao que parece.
Prefere ficar ouvindo às “instruções” e “conselhos” de pessoas que estão no
próprio Vasco, que eram para conhecer o elenco muito melhor do que aparentam ou
que, simplesmente por quaisquer outros motivos, preferem indicar ao técnico a
escalação de jogadores que já mostraram que NÃO SERÃO a solução para coisa
alguma. Corre sério risco de colocar em xeque seu próprio trabalho e expurgar,
de vez, nossas esperanças se assim continuar. Infelizmente.


A debandada da base


Em
que pese as diretrizes da malfadada Lei Pelé, é INADMISSÍVEL um clube como o
Vasco perder uma geração inteira sem que ainda tivessem chegado aos
profissionais, alguns inclusive nem nos juniores chegaram. São os casos de
Cícero, Foguete, Mosquito, Danilo e, agora, Matheus Indio para o “poderoso”
Penapolense que, tal como muitos, deverá ter tão somente o papel de hospedeiro
temporário até que o destino do jogador seja, realmente, encaminhado para um
clube de maior expressão.


IMPRESSIONANTE,
também, a fragilidade para se manter jogadores recém-destacados nos
profissionais. O caso mais chocante é o de Marlone em que, numa mistura de
falta de amparo da lei ao clube com incompetência e falta de argumentos dos
próprios capazes de convencer o jogador a ficar por mais tempo, culmina com a
possibilidade de vê-lo jogando dali a pouco em terras brasileiras, porém LONGE
de São Januário.


Enquanto
isso, o clube se recusa a “enxutar” sua folha salarial, reduzir seu quadro funcional,
averiguar direitinho quem são os funcionários que realmente são necessários e
os que NADA produzem para o clube, além de outras aberrações como sustentar no
elenco jogadores como Michel Alves, DIOGO SILVA (no qual deve-se perder a
quantia supra de UM MILHÃO DE REAIS pela transação com o Nova Iguaçu), Nei,
Cris, Francismar, Reginaldo entre outros.


O fator planejamento


Em
2011, a Pluri Consultoria publicou um estudo que dava a gestão do Vasco,
incrivelmente, como a “melhor dentre os clubes brasileiros”. Na época e tal
como critico agora, eu argumentei sobre seus parâmetros meramente simplistas
que os levaram a produzir esse resultado. Utilizaram como base uma pontuação
feita tendo em vista o peso do campeonato ganho por cada clube naquele ano (o
Vasco era o campeão da Copa do Brasil) versus o montante investido para tal
pontuação. Desconsideraram fatores que direcionam bem mais para uma formação de
opinião, tais como planejamento estratégico e organizacional, plano de gestão
para as modalidades esportivas do clube, gestão financeira, gestão de
comunicação entre outros. Levou-se em consideração o retorno desportivo somente
que, para os torcedores, é o que interessa, mesmo que não haja um
desenvolvimento sustentável, tal como não houve no Vasco e que, hoje, a
desordem administrativa no presente apenas corrobora com essa linha de
pensamento.


Por
esse critério utilizado pela referida empresa, a gestão do Flamengo, por
exemplo, mesmo endividado, mesmo que seus profissionais recém-assumidos tenham
feito quase que todas as besteiras durante esse ano (e ainda assim são
finalistas da Copa do Brasil) seria supostamente melhor do que a do Atlético-PR,
ÚNICO clube brasileiro da série A que aparece com superáfit financeiro, que se
planejou (e bem) para essa temporada, montando uma programação para abandonar o
seu campeonato estadual privilegiando o Campeonato Brasileiro e a Copa do
Brasil e colhendo tais boas campanhas em ambas as competições como os merecidos
frutos pela sua competência.

Portanto,
lamento somente pelo tempo em que alguns se enganaram por uma pesquisa cujas
bases estão longe de serem sólidas. E cuja constatação nós só averiguamos no
presente, e das piores formas possíveis.


“Toques finais”


1º) É
para se questionar essas seguidas lesões de Juninho, que mais uma vez não
conseguiu sequer jogar vinte minutos. Além disso, já não é de hoje que critico
a falta de preparo físico adequado de nosso elenco. Há tempos que falta gás ao
time nos momentos em que mais precisa. E isso pode ser um diferencial nesse
final de campeonato com nível técnico horroroso, em que as equipes mais bem
condicionadas fisicamente hão de suportar melhor essa maratona final.


2º)
Para nós, é uma verdadeira batalha esse jogo de logo mais. Sinceramente, não
estou otimista, mas ficaria MUITO feliz se uma surpresa bem positiva viesse de
encontro a nós ao final do dia. Não pela gestão do clube, um desastre completo
e que não tomou as medidas necessárias para evitar a tudo que presenciamos. Mas
sim, pela FABULOSA TORCIDA, que é quem ainda sustenta esse GIGANTE no presente,
e que mostrou para todos nesse último domingo as reais diferenças entre os
grandes e os GIGANTES! Em tempo: não é o Vasco que merece o Maracanã, mas sim,
o Maracanã que merece o Vasco!


3º)
Ao final de meu texto, fui surpreendido com um profissional de marketing de uma
das “parceiras” do Vasco declarando que se “o clube disputar a série B, melhor
ainda, pois seria a marca única dela perante as outras marcas”. Realmente, deve
ser realmente muito interessante preferir expor sua marca para jogos contra
Luverdense, ASA, Sampaio Correia, Boa Esporte entre outros, em detrimento a
marcas como Flamengo, Corínthians,São Paulo e Cruzeiro, por exemplo. Com
direito a NÃO TRANSMISSÃO PELA TV em horário nobre do futebol aos domngos e
quartas-feiras à noite.  Tendo como agravante a falta de respeito a uma
torcida cujo clube a tem como “parceira” e cujos torcedores poderiam se interessar
pelo consumo de sua marca muito mais do que ele poderia imaginar, tamanha a
força dessa torcida. Sinceramente e mesmo não sendo um estudioso sobre a
matéria, são eles os “sábios” e  eu que não devo entender nada sobre
marketing mesmo…


4)
Dedico o texto de hoje aos que possuem ainda FÉ por dias melhores e que o pior
não irá acontecer! Para quem se enquadra nesse grupo, meus sinceros Parabéns!
Hei de buscá-la em meu interior com maior força tomando-lhes como exemplo de
exercício inabalável de perseverança e crença no melhor que, um dia, há por
vir. Para o bem de nosso clube!

cris.mariotti@crvasco.com.br

@crismariottirj

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